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sábado, 14 de novembro de 2009

Coleções



Desde pequenininha, cultivo o hábito de colecionar as coisas. Essa uma de minhas muitas manias, exemplifica a facilidade que tenho de me apegar ao banal. Sempre tive dificuldade de me livrar de objetos, roupas e até da simplicidade em forma sólida, como conchas do mar e pedrinhas de jardins, além da minha tão protegida coleção de fios de cabelo.

Listagem à parte, adquiri a habilidade, ao longo dos anos, de aceitar o conservadorismo que vive dentro de mim. Aprendi a conviver com esse apego ao passado sem deixar que ele me impedisse de viver o meu presente e moldar o meu futuro. Por isso, a reflexão se encerra aqui.

Ou não.

Até o penúltimo parágrafo, tudo bem. Como eu disse, posso continuar apegada às minhas coleções e conviver em harmonia com aquilo que passou. O problema é: de uns tempos pra cá, não satisfeita com os sólidos, venho colecionando sentimentos.

Esse fato, vindo de uma pessoa como eu, ultrapassa os limites de algo considerado arriscado. Significa que posso vir a sentir raiva daquela vizinha que quebrou minha boneca quando éramos pequenas, do professor o qual criticou o meu dever de casa e até da abelha que picou o meu braço na colônia de férias. E se eu encontrar com a minha amiga em uma festa, ou com o meu professor na rua (a abelha já não se encontra mais entre nós)? Será que as pessoas entenderão que fui mal educada só porque tenho a dificuldade boba de esquecer de fatos passados?

E se eu esbarrar com o meu ex namorado? Sentirei uma vontade fulminante de abraçá-lo e roubarei um beijo dele. E quando o homem, assustado, disser que nós terminamos e perguntar o que deu em mim, responderei:

- Safado! Você disse que me amaria para sempre!
- Mas fazem 9 anos que a gente terminou!

Detalhes. Por quê as pessoas insistem em esquecer aquilo que um dia já sentiram? É por isso que nenhum envolvimento vai para frente, seja amoroso, fraterno ou profissional. Da onde surgiu a lei que guia nosso coração a sentir negatividade em relação àquilo que foi e hoje não é mais? Só porque se tornou parte do passado, não quer dizer que tenha que deva ser deixado para trás!

Ou quer?

Será que a maluca sou eu? Aquela que, por não estar plenamente satisfeita com o presente, busca aquilo que um dia viveu? Devo começar a enlouquecer agora, ou posso continuar sorrindo e fingindo me divertir quando analiso o que sinto? Já nem sei mais se essa vontade de me entender é sentimento atual ou um que tive um dia. Do jeito com que as coisas vêm se misturando, temo jamais saber a resposta.

Mas se eu não souber, quem liga? O que entendo é que tenho que aprender a lidar com os meus sentimentos, sejam quais forem suas origens. Quando encontrar a minha ex-vizinha, a darei o meu puro e pleno perdão. Ao meu professor, agradecerei, pois aquele crítica fez com que eu me esforçasse ainda mais para cumprir minha tarefa. Se esbarrar com meu ex namorado, farei questão de parar para pensar se o que sinto por ele ainda é amor ou apenas carinho pela relação que tivemos. Quanto à pobre abelhinha, farei questão de pensar nela sempre que for passar mel na minha torrada.

Assim como posso lidar com meu apego às coisas sólidas, acredito que seja também capaz de viver com os sentimentos passados que de vez em quando reaparecerem. Cumprimentarei-os e farei questão de mantê-los entretidos, para que não me atrapalhem em situações cotidianas e me deixem livre de quaisquer constrangimentos. Dessa maneira, posso mostrar aos outros que não sou uma maluca incapaz de se livrar de seu passado.

Ou pelo menos fingir.

domingo, 8 de novembro de 2009

Sol, ida, ão.



Uma nuvem acaba de cobrir meu sol. Assim, sem mais nem menos.
E, nesse meio tempo, entre os segundos um e dois, ele desapareceu, levando a sério o nosso pique-esconde.

Meu mundo, subitamente, ficou mais fresco.
O calor de meu corpo cedeu, meus olhos não mais precisaram se contrair para enxergar, leves gotas de suor exitaram em escorrer.

Ao invés delas, lágrimas.

Embora a temperatura tenha se tornado mais amena, sinto falta do brilho que refletia em minha pele, fazendo com que eu me sentisse mais próxima da vida.

Mas, apesar da ligeira fuga do astro rei, ainda sou capaz de sentí-lo. Se não com o meu corpo, com o meu coração. Quê me importa se não estou apta a enxergá-lo, se sei que ele está e sempre estará junto a mim?

Ainda que ele tenha sido coberto, tímidos reflexos de sua luz se fazem presentes e me lembram de que o sol é como o amor: apenas nos dá um tempo. Sua ida nunca é definitiva.

Não importa quantas nuvens o cobrem. Ele sempre volta para nos aquecer.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Diálogo com o mar



O mar não tem que ouvir as superficialidades de ninguém.

Quando mergulhamos, são as ondas que falam a nós. Que direito temos de interromper? Carros, casas, negócios, mercado financeiro, intrigas, traições... Enquanto nos perdemos vomitando assuntos de tamanha banalidade, o mar nos responde com apenas uma palavra: vida.
E, assim, nos resume tudo.

Pergunto a mim mesma como nos tornamos tão surdos a ponto de não escutar tamanha sabedoria. Ou fingir que sequer a ouvimos.