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domingo, 27 de dezembro de 2009

Mudanças



Dizem que mudanças são necessárias, mas não significa que eu tenha que nascer sabendo como lidar com aquelas que não promovo propositalmente. Estou cansada de tentar me adaptar ao giro do mundo, pois cada vez parece que ele é tão rápido que me sinto incapaz de ao menos entender seu movimento.

Como posso fingir que me encaixo por aqui se não estou apta a aceitar que as pessoas vivem em constante transformação? Não consigo aceitar que os meus amigos tenham se afastado, que um ente querido tenha ido embora e que meu verdadeiro amor não seja mais você. Ao me criarem, esqueceram de furar os buraquinhos para que, a cada martelada dada pela vida, os pregos afundassem de modo a se encaixar e e acomodarem-se em meu coração.

A dinâmica de meu corpo não aceita que essas mudanças ocorram com tal frequência e acredito que seja incapaz de se adaptar a qualquer velocidade que seja. Sinto muito, mas nunca aprendi a lidar com minhas próprias birras e a de ser avessa a esses sustos repentinos é uma delas. Não vou me acostumar a algo que não me é conveniente.

Portanto, espero que você, rapaz, volte a ser quem era. Caso o contrário, acabarei parando de sentir sua falta sem que eu sequer perceba. Se isso acontecer, como poderei viver sabendo que eu um dia amei alguém que hoje não amo mais? Não, de jeito nenhum, por favor! Não faz parte de mim não sofrer por um grande amor.

sábado, 14 de novembro de 2009

Coleções



Desde pequenininha, cultivo o hábito de colecionar as coisas. Essa uma de minhas muitas manias, exemplifica a facilidade que tenho de me apegar ao banal. Sempre tive dificuldade de me livrar de objetos, roupas e até da simplicidade em forma sólida, como conchas do mar e pedrinhas de jardins, além da minha tão protegida coleção de fios de cabelo.

Listagem à parte, adquiri a habilidade, ao longo dos anos, de aceitar o conservadorismo que vive dentro de mim. Aprendi a conviver com esse apego ao passado sem deixar que ele me impedisse de viver o meu presente e moldar o meu futuro. Por isso, a reflexão se encerra aqui.

Ou não.

Até o penúltimo parágrafo, tudo bem. Como eu disse, posso continuar apegada às minhas coleções e conviver em harmonia com aquilo que passou. O problema é: de uns tempos pra cá, não satisfeita com os sólidos, venho colecionando sentimentos.

Esse fato, vindo de uma pessoa como eu, ultrapassa os limites de algo considerado arriscado. Significa que posso vir a sentir raiva daquela vizinha que quebrou minha boneca quando éramos pequenas, do professor o qual criticou o meu dever de casa e até da abelha que picou o meu braço na colônia de férias. E se eu encontrar com a minha amiga em uma festa, ou com o meu professor na rua (a abelha já não se encontra mais entre nós)? Será que as pessoas entenderão que fui mal educada só porque tenho a dificuldade boba de esquecer de fatos passados?

E se eu esbarrar com o meu ex namorado? Sentirei uma vontade fulminante de abraçá-lo e roubarei um beijo dele. E quando o homem, assustado, disser que nós terminamos e perguntar o que deu em mim, responderei:

- Safado! Você disse que me amaria para sempre!
- Mas fazem 9 anos que a gente terminou!

Detalhes. Por quê as pessoas insistem em esquecer aquilo que um dia já sentiram? É por isso que nenhum envolvimento vai para frente, seja amoroso, fraterno ou profissional. Da onde surgiu a lei que guia nosso coração a sentir negatividade em relação àquilo que foi e hoje não é mais? Só porque se tornou parte do passado, não quer dizer que tenha que deva ser deixado para trás!

Ou quer?

Será que a maluca sou eu? Aquela que, por não estar plenamente satisfeita com o presente, busca aquilo que um dia viveu? Devo começar a enlouquecer agora, ou posso continuar sorrindo e fingindo me divertir quando analiso o que sinto? Já nem sei mais se essa vontade de me entender é sentimento atual ou um que tive um dia. Do jeito com que as coisas vêm se misturando, temo jamais saber a resposta.

Mas se eu não souber, quem liga? O que entendo é que tenho que aprender a lidar com os meus sentimentos, sejam quais forem suas origens. Quando encontrar a minha ex-vizinha, a darei o meu puro e pleno perdão. Ao meu professor, agradecerei, pois aquele crítica fez com que eu me esforçasse ainda mais para cumprir minha tarefa. Se esbarrar com meu ex namorado, farei questão de parar para pensar se o que sinto por ele ainda é amor ou apenas carinho pela relação que tivemos. Quanto à pobre abelhinha, farei questão de pensar nela sempre que for passar mel na minha torrada.

Assim como posso lidar com meu apego às coisas sólidas, acredito que seja também capaz de viver com os sentimentos passados que de vez em quando reaparecerem. Cumprimentarei-os e farei questão de mantê-los entretidos, para que não me atrapalhem em situações cotidianas e me deixem livre de quaisquer constrangimentos. Dessa maneira, posso mostrar aos outros que não sou uma maluca incapaz de se livrar de seu passado.

Ou pelo menos fingir.

domingo, 8 de novembro de 2009

Sol, ida, ão.



Uma nuvem acaba de cobrir meu sol. Assim, sem mais nem menos.
E, nesse meio tempo, entre os segundos um e dois, ele desapareceu, levando a sério o nosso pique-esconde.

Meu mundo, subitamente, ficou mais fresco.
O calor de meu corpo cedeu, meus olhos não mais precisaram se contrair para enxergar, leves gotas de suor exitaram em escorrer.

Ao invés delas, lágrimas.

Embora a temperatura tenha se tornado mais amena, sinto falta do brilho que refletia em minha pele, fazendo com que eu me sentisse mais próxima da vida.

Mas, apesar da ligeira fuga do astro rei, ainda sou capaz de sentí-lo. Se não com o meu corpo, com o meu coração. Quê me importa se não estou apta a enxergá-lo, se sei que ele está e sempre estará junto a mim?

Ainda que ele tenha sido coberto, tímidos reflexos de sua luz se fazem presentes e me lembram de que o sol é como o amor: apenas nos dá um tempo. Sua ida nunca é definitiva.

Não importa quantas nuvens o cobrem. Ele sempre volta para nos aquecer.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Diálogo com o mar



O mar não tem que ouvir as superficialidades de ninguém.

Quando mergulhamos, são as ondas que falam a nós. Que direito temos de interromper? Carros, casas, negócios, mercado financeiro, intrigas, traições... Enquanto nos perdemos vomitando assuntos de tamanha banalidade, o mar nos responde com apenas uma palavra: vida.
E, assim, nos resume tudo.

Pergunto a mim mesma como nos tornamos tão surdos a ponto de não escutar tamanha sabedoria. Ou fingir que sequer a ouvimos.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Decisão



Tomei uma decisão.

Eis que o fato de conseguir coragem e incentivo para tomar uma decisão se torna mais intrigante pra mim do que o próprio acontecimento. É preciso sabedoria na hora de fazê-lo e, desta vez, sei que estou indo pelo caminho certo, pois sigo o comum. A minha decisão não foi inimaginável ou desafiadora, foi normal. Por isso, acho (e espero) que seja mais fácil cumprí-la.

Tomo como decisão a estipulação de uma meta que pretendo cumprir, ou seja, boto o pé agora na linha de início da caminhada. Há uma grande distância a ser percorrida e eu pretendo seguir em frente até onde julgar ser o limite do meu limite. Sim, porque o primeiro limite é aquele que nossa cabeça usa para expressar sua exaustão... mas não é o verdadeiro. Atingir o limite é esgotar as forças e será preciso mais do que alguns sinais da minha mente, corpo ou coração para me fazer parar. Afinal, eu tomei uma decisão, e não posso não corresponder minhas próprias expectativas. Fazendo isso, estaria me deixando na mão e não existe nada pior do que decepcionar-se consigo mesmo.

Que faça sol, chuva, vente. Caiam raios, neve, granizo. Que o mundo vire de cabeça pra baixo, revoluções eclodam, relacionamentos terminem. O branco se transforme em preto, o quente em gelado e o mar vire cor de rosa. Eis que demoro a tomar uma decisão, mas quando o faço não há contratempo que me faça parar. A não ser uma nova decisão: desistir.

Mas isso já é outra história.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O tempo




O tempo?
O tempo!
O tempo:

O temporal
O temporão
O tempo não
O tempo mal
O tempo bom

Ele
Este
Aquele
Qualquer um
Ou mais nenhum

O temp-erei
O temp-erigo
O temp-ermitido
O temp-rocrastinado
O tempo que passa rápido

Que vai
Que volta
Que nunca irá
Que foi e voltou
Que voltou e ficou
Que ficou, mas passou
Que já nem mais sei quem sou

O tempo, se soubesse
Da tempestade que é, riria
Mas se certo tempo tivesse
Uma única chance de escolha
Será que o tempo de fato escolheria?

O que me permite a simetria
Que me dá o que eu às vezes nem queria
Que de repente me transforma em agonia
E, de vez em quando, faz de mim pura alegria.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fortaleza II



Eu não me rendo.

Há alguns anos, fui atirada no mundo. Tudo o que aconteceu após a queda e acontecerá agora, e agora, e agora, e daqui para todos os agoras que ainda hei de viver, dependerá de minhas escolhas. Quantos caminhos eu segui na direção errada, quantos lados eu escolhi equivocadamente, quantas verdades julguei antecipadamente... Mas eu nunca desisti. A cada erro que já foi por mim cometido, existe uma vitória conquistada, mesmo que não aquela ansiada inicialmente. Uma vitória que se adapta às circunstâncias é ainda mais saborosa. Eu? Me render agora? Imagina! Como poderia? Faz parte de mim lutar, corre no meu sangue a vontade de batalhar pela glória e seguir em busca de êxitos. Desistir não se encaixa em nenhum dos meus sistemas, nem me é permitido que cogite ceder à algumas dificuldades que venham a existir. Portanto, eu sigo em frente, assim como o vento venta, o sol ilumina e as estrelas brilham. É natural de mim buscar sempre pelo melhor. Se alguma peça do castelo ousou ser desencaixada, por qualquer que seja o motivo, eu a coloco em seu lugar de novo. Não importa quanto tempo demore, quanto trabalho me dê, eu contruírei um dia a fortaleza que há de me proteger. Apenas com minhas mãos. Quem sabe, até com um pedacinho do meu coração. Nada mais.

domingo, 11 de outubro de 2009

Lá estava ela



Lá estava ela.

Foi acordada por raios solares que batiam em sua janela, dando-lhe bom dia. Assim que se levantou, percebeu que a melodia dos pássaros estava especialmente bela naquela manhã. Como se aquilo fosse uma confirmação para seus planos, botou um vestido que havia separado na noite anterior, na altura dos joelhos, coberto por flores das mais diversas cores. Prendeu o cabelo com um laço de fita rosa, bebeu um copo de leite e partiu.

Enquanto caminhava, não sabia se adiantava-se ou diminuía a velocidade. Sua vontade era de sair correndo, mas a tensão quase a fazia apressar-se, sim, contudo para a direção inversa. Porém, se encontrara o caminho, não havia porquê temer o seu destino. Na rua, quase não se viam carros, pessoas ou movimento, como se o mundo houvesse parado, respeitando seu momento.

Em sua cabeça de menina jovem, nada se passava além de fantasias e desfechos para o momento que estava por vir. Todos plenos em suas diferenças, com uma palavra trocada ou um beijo a mais, mas preservados em seu final: a conquista. Ansiava pelo que viria, pelo que diria e, mais do que tudo, pela onda de sentimentos que a cobririam. Como seriam eles? Seriam tão gostosos quanto os que sentira durante o anseio, ou infinitamente maiores? Menores não seriam jamais, pois, por mais que tudo terminasse mal, a dor seria suficientemente grande para cobrir as incertezas da espera.

Seu Joaquim! Bom dia! Como está gostoso o cheiro do pão hoje! Aproveitava o cheirinho de café fresco e pão com manteiga da padaria, como se aqueles a resgatassem para a realidade. O padeiro estava ali, na porta, cumprimentando seus fregueses. O leiteiro preparava sua bicicleta para entregar a bebida aos vizinhos. O farmacêutico abria as portas do seu comércio, pronto para curar as dores de alguns. Sorte daqueles em quem as doses de remédio pudessem surtir efeito. Se algo desse errado naquele dia, nada nem ninguém seria capaz de curá-la.

Mas tudo seria perfeito, e ela sabia. Ela sentia, e seguia em frente.

As esquinas passadas se multiplicavam cada vez mais e as pessoas brotavam na rua, sinal de que o mundo acordava. Ela olhou para o sol, já completamente exposto, e sentiu-se privilegiadamente iluminada, como se ele estivesse ali só para dar-lhe força. Apressou o passo, não conseguindo mais conter sua ansiedade. Pelo jeito com que alguns a olhavam, ela já deveria estar correndo, mas era como se flutuasse. Não sentia seus pés no chão, não sentia mais o cheiro do pão, não pensava mais em nada. Porém, as batidas aceleradas de seu coração a provavam de que ainda estava viva.

O parque já podia ser avistado! Ela o via, verde como nunca. As casas andavam muito rápido, as calçadas começavam a ficar para trás e ela já pisava na areia do seu destino. Nunca havia reparado quantas árvores existiam naquele lugar! Em meio a tantas, só uma lhe servia e parecia que havia se escondido, só para brincar com ela. Não! Ali estava! Especialmente iluminada, cheia de folhas verdes. Algumas ainda com gotas de orvalho que resistiam ao calor, só para assistir àquele momento. No meio delas, uma flor brotara. Nascera especialmente para aquela ocasião, para presenciar a consumação do sentimento mais puro, como as gotas do orvalho, e mais delicado, como as pétalas da flor.

Lá estava ele.

sábado, 10 de outubro de 2009

Diálogos reflexivos



- Você já se aqueceu perto do fogo?
- Já...
- Já se queimou com o fogo?
- Nunca.
- Então não sabe o real poder de sua chama.

sábado, 26 de setembro de 2009

Fortaleza



Eu me rendo.

Acabou, é verdade, mas por quê? Busco ainda razões que expliquem o fim e não acho sequer uma que seja grande o suficiente. O que encontro são frangalhos, pequenas partes disso e daquilo. Quem diria... pedacinhos de coisas que julgávamos insignificantes foram capazes de destruir, em dias, o que levamos ano para construir. Talvez tenhamos encaixado uma peça no lugar errado e isso fez desmoronar todas as outras, como uma criança que, na hora de construir o seu castelo de brinquedo, erra o inocente cálculo. O que me dói é ter a consciência de que deixamos, por infantilidade, que uma parte destruísse o nosso todo. Há um aniversário, nosso amor foi consumado, mas o que restou de tudo, além da lembrança? Além da saudade, sentimentos outros são ausentes. Nada é pior do que a falta, pois ela é a consumação da ausência, do vazio. De mares de flores e brisas de sentimentos, nada restou. Com essa reflexão, sou capaz de me aproximar do que tanto me incomoda e entender, finalmente, as variações que não exito em sentir dentro de mim: se o fim tivesse sido cruel a ponto de destruir tudo aqui dentro, seria mais fácil. Mas o amor que em mim vive é como o rabo da lagartixa que, não importando o golpe, é sempre capaz de se reconstituir. Mas e quando o rabo fica pendurado... nem solto, nem preso? Como chamamos esse meio termo entre a dispersão e a reconstituição, entre o perder e o reconquistar, entre o morrer e o renascer?

De resto, nada mais resta. A não ser a peça chave que destruiu a nossa fortaleza, que para sempre guardarei dentro do meu coração, na vã tentativa de concretizar a justificativa para o desmoronamento. Mas isso é bobeira grande, é sabido. Se o castelo não sobreviveu a um desencaixe, jamais se tornaria a fortaleza que, um dia, hei de construir.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sem vocês?



Estive buscando pretextos que me afastassem dos deveres que tenho a cumprir e eis que encontro depoimentos das mais variadas datas, dos mais variados amigos, sobre mim:


"Quando penso na Beta, eu penso em alguém muito leal a todos, a si mesma e a seus ideais. Penso em alguém companheira, inteligente, bricalhona, justa, alguem com quem vale se manter uma amizade."

"Companheira de viagem, de pista, de pileques de limãozinho, de turma, entre outras coisas,mas na verdade ela é minha SÓCIA e olha que disso as pessoas sabem bem!"

"Roberta é uma irmã pra mim, do mesmo sangue. Esse jeito de autoritária, de mandona, encantou muita gente."

"Rob, a Mestra (como gosta de ser chamada, não sei porque, mas...), é uma excelente pessoa, uma companheira para todas as horas."

"A Roberta sempre foi assim (usando e abusando do eufemismo), uma garota autoritária. Mas vai ver é por isso que gostamos dela, sempre idealista e cheia de utopias."

"Beta é meu lado lésbico!"

"leeeeek, essa mulhé aí é muito mala."

"Roberta é uma menina impulsiva, tudo o que fala vem de dentro, é capaz de sentir milhões de coisas ao mesmo tempo, ama amar. Roberta vê a vida de um jeito diferente, se apaixona pelos mínimos prazeres, eterna apaixonada. A Beta é forte, é amiga, é determinada, é guerreira. Uma menina meio mulher, que enquanto brinca na areia na praia, planeja o futuro, a profissão, os amantes, o filho!"

(...)

Que seria de mim sem vocês?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Se



Da mania que eu tenho de adivinhar
E querer sentir mais do que poderia
E tentar saber o que aconteceria
Se...

Da vontade que eu tenho de retornar
Para curtir o que não mais deveria
E tentar ouvir o que me falarias
Se...

Da vontade que eu tenho de consertar
E dizer o que antes eu não diria
E fazer acontecer o que não aconteceria
Se...

Da vontade que eu tenho de mergulhar
E viver o que antes eu não viveria
E acender a chama que não acenderia
Se...

Da vontade que eu tenho de animalizar
E rugir o que antes eu não rugiria
E gritar o que antes eu não gritaria
Se...

Da vontade que eu tenho de reestruturar
E completar o que antes eu não completaria
E descobrir o que antes eu não descobriria
Se...

Da vontade que eu tenho de racionalizar
E pensar no que antes eu não pensaria
E aprender o que antes eu não aprenderia
Se...

Da vontade que eu tive de cessar
Da vontade que eu teria de continuar
Da vontade que nem sei aonde foi parar

A condição é um problema
Pois ela restringe à uma possibilidade
E uma possibilidade jamais é plena.

A não ser que...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Banheiro



A vida é feita de momentos simples e plenos em toda a sua ocasionalidade. Nada serve mais ao homem do que um cantinho para chamar de próprio, para que seu tempo de solidão seja aproveitado, segundo por segundo, até a última gota de agonia. Os ditos cantos variam de um para outro, mas a plenitude do momento é a mesma para a maioria - exceto para os infelizes, que existem no mundo para brincarem de contradição. Com relação a eles, não perderei espaço ou conteúdo de comentário, já que se não sabem o que é a dor de ser sozinho, nunca saberão a real delícia de se estar junto.

Retorno ao raciocínio para introduzir a ideia à qual realmente quero chegar: a acomodação. Sendo essa uma casa, carro, quarto, oca, um pé sujo que seja, não interessa. Se não especifiquei o tipo de lugar, é porque o mesmo é completamente irrelevante. Perceberás isso agora, leitor, mas deves me prometer que o segredo que te contarei deverá ficar entre nós. Só irá saber das minhas palavras aquele que as ler, pois aqui rogo a praga de que cairá a língua do que ousar utilizar as cordas vocais para reproduzir o que aqui eu disse. Lançada a maldição, volto ao tema central, ao qual ainda não consegui chegar, dada a minha imensa capacidade de me desviar dos meus raciocínios.

O Banheiro.

O Banheiro é das maravilhas do mundo, a oitava. É lá onde tenho tempo para o que quer que seja, sem que me seja cobrado o tempo do relógio, o trabalho pronto, o cálculo resolvido. É nele em que posso brincar de pensar em tudo, de me jogar no mundo, de passear sem a obrigação de estar dormindo e sonhando. Posso viajar consciente e com o respeito de todos ao meu redor, pois é o único momento em que minha solidão é respeitada em toda sua plenitude. De nenhuma outra maneira as pessoas preservariam meu momento de ser só para mim. Se estivesse sentada, fariam com que eu me levantasse; comendo, apressariam a minha fome; dormindo, invadiriam o meu sono. Mas do Banheiro, templo sagrado, nenhum deles ousa se aproximar. Ao ouvir um chamado, basta que eu informe à plebe que nele estou, para que todos aceitem sua posição de inferioridade.

No Banheiro, leitor.

É nele que nascem minhas ideias para as palavras, meus diálogos para os humanos, as soluções para os problemas. É em seu interior que me brotam os acontecimentos, que me surgem as retrospectivas e as previsões para o futuro. Lá posso contar dinheiro roubado, gritar segredos descobertos, escrever letras proibidas e ninguém saberá jamais, porque não procurarão fazê-lo.

E é por isso que, ao ouvir o chamado, vou direto para o meu porto seguro. Em sua atmosfera fria e azulejada, vou acomodar-me, em meio ao cheiro de lavanda, e lá pretendo ficar até que me venha a vontade contrária. Quem disse que o Banheiro só pode ser utilizado para necessidades naturais do ser humano, está certo em todas as maneiras.

Tudo me leva a afirmar o contrário, mas a força que de atração que me leva o banheiro é o maior dos fenômenos da natureza humana, tanto biológica, quanto almalógica. Por isso eu insisto: curta o seu próximo Banheiro como se fosse o último de toda a tua insignificante vida. Aquele que ainda não alcançou a trascendência banheiral, morrerá incompleto, e isso é inaceitável. Antes não tivessem nascidos os abanheirados.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Que tempo é esse?



Que tempo é esse que tanto se demora
Quando o que anseio não é aquilo
Que tenho comigo agora

Que tempo é esse que torna-se veloz
Quando o anseio deixa o algoz
E em delícia se transforma

Que tempo é esse que foge do equilíbrio
E briga comigo o tempo inteiro
Ganhando das vezes a maioria

Que tempo é esse que às vezes frio
Me entrega cobertor e travesseiro
E de brinde a agonia

Que tempo é esse que tem secreta a fórmula sua
E faz deixar-me inteiramente nua
Diante de seu poder

Que me traz verdade nua e crua
E o descontentaemento perpetua
Pois a mentira me dá mais prazer

Que tempo é esse que me rói as unhas
Que me cai os cabelos
Que me enfraquece a memória

Que tempo é esse que me desenha as rugas
E me me levará aos nevoeiros
Para, no fim, me fornecer a glória.

Acaso



Quando o bom acaso veio até mim
A glória o acompanhou
Cegando-me, assim

Quando supreendi-me pelo que foi ruim
A dor se consumou
Machucando-me, por fim

Sofri por não me preparar
Para outro acaso apto a chegar
Daqueles que a vida não avisa

Não exitei ao me entregar
E agora vivo a buscar
Algo que cure minha ferida

Quem sabe um dia
Volte a visitar-me o de repente
E eu tenha chance novamente

De apostar na alegria
Acreditar no que está em frente
E me jogar no eternamente

E assim, o farei de novo
Pois o ciclo se repete
E eu não consigo aprender

Sempre me queimo com o fogo
Mas se apaga a chama que me aquece
Ela voltarei a acender.

E quando (5)



E quando acostumar-se à conquista é preparar-se para a derrota?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sempre



Cansei de começar aqui com "existem dias", "algumas vezes" e semelhantes. Quero iniciar uma reflexão, qualquer que seja ela, com "sempre". Percebi que se luto por algum objetivo hoje, é com o objetivo de ser feliz de amanhã em diante. A felicidade eterna existe, o problema está no que as pessoas enxergam... Ou melhor, deixam de enxergar.

Flores brotam dentro de mim quando sinto o vento esvoaçar meus cabelos, vejo um pássaro voando no céu ou uma criança correndo no parque. É esse o tipo de tinta que busco para colorir o meu caminho: a vida em toda sua plenitude. Sempre que eu me deparar com o cotidiano em forma de luz, me apaixonarei novamente.

Sou a favor de aproveitar cada momento do nosso tempo, dedicando uma atenção especial àqueles que não nos fazem tão bem, para que possamos nos entregar em dobro a um que nos satisfaz. Um mundo em que os sentimentos bons estão no mesmo patamar dos ruins é completamente perdido.

A dor é necessária para que passemos a dar valor a todos os acontecimentos da vida. Sempre que eu a sentir, lembrarei de que estou no mundo para lutar e vencer. E eu o farei. Nesse dia, não mais viverei... E, finalmente, poderei utilizar o "sempre" com o qual tanto sonho para expressar a última de todas as conquistas: eternidade.

domingo, 30 de agosto de 2009

Felicidade cômoda



Tenho um problema inconveniente: pensar nos meus próprios desvios. Eu poderia passar por cima deles e fingir que não os percebo, mas não consigo simplesmente ignorá-los. Algumas noites, vou dormir me sentindo esquisita, termino alguns meses me achando fora do padrão... Isso sem falar nas viradas de ano! Faço promessas e busco o máximo que conseguir conquistar delas. Algumas vezes, sei que o que alcanço não é realmente o mais longe que conseguiria chegar, mas é suficiente para que eu me sinta confortável... E é aí que mora o problema. Conquistar um vitória parcial faz bem, mas é algo traiçoeiro, pois causa um conforto perigoso. Quando você senta em um sofá macio, não sente vontade de levantar dele, por mais que esteja sol lá fora. Não quero me acomodar dessa maneira! Prefiro sentar em uma cadeira mais simples, que me supra o cansaço - mesmo que não completamente - e me deixe livre para sentir vontade de levantar dela e seguir com a minha vida. Por isso, saibamos dosar a alegria, para que não façamos dela motivo para cessar a entrega à vida . Todavia, estaria mentindo se dissesse que isso me preocupa profundamente, já que tenho consciência de que a maior felicidade nós só conquistaremos no último dia de nossa história.

Na última hora.
No último segundo.

E aí não teremos mais chance.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Antes de pensar



Chega de calcular atos, contar os passos, pensar nas palavras. Ponhamos um fim nos olhares desviados, nos toques superficiais e no raciocínio lógico. Pensemos, a partir de hoje, com o coração, já que o cérebro só serve para que reconheçamos os fatos e não para guiar nossas atitudes em relação a eles. Por favor, eu peço, basta! Não mais atitudes politicamente corretas e dentro dos eixos. Nada melhor do que bater com a cara na parede e aprender uma lição! Mas não sigamos o caminho da descoberta assim tão facilmente... Vamos insistir! Errar é muito mais gostoso do que acertar, pois nos abre à chance de tentar outra vez! Assim, nos divertimos mais. O quê está esperando? Comece logo hoje, comece logo agora! Levante daí, cometa um erro e vá ser feliz! Pare de calcular as consequências e passe a vivê-las, sejam quais forem. Se positivas, aproveite-as; se negativas, aprenda com elas!

Vivamos antes de pensarmos sobre o assunto!

domingo, 23 de agosto de 2009

E quando (4)



E quando a verdade está na nossa cara, mas a gente não enxerga?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sangres de mim



Não te vejo, mas sinto. Vives tão mergulhado aqui dentro que é como se corresses em meio a meu sangue. Mas um detalhe me veio agora (detalhes, como sempre, partes mais importantes de minhas reflexões): Sangue só é visto quando existe um ferimento, acompanhado de uma dor, mesmo que breve. Tua presença não me machuca, o que me dói é a ausência. Penso que isso seja uma forma indireta do mal que me fazes. Mas devo admitir que adoro. Sangrar eventualmente é bom, apenas assim somos capazes de provar que algo realmente corre em nossas veias e faz com que nosso corpo funcione. A teoria não funciona pra mim, nunca o fez e nunca o fará. Gosto de ver com meus próprios olhos, por mais dor que isso possa me causar. Por isso, gostaria que estivesses aqui. Sei que estás dentro de mim, porém isso não me satisfaz completamente. Quero presença concreta e real. Quero toques, carinhos e entrega. Quero calor de corpos, cansei de ser aquecida por sentimentos. Esses são demais pra mim, já não sou capaz de aguentá-los sem compensação. Que estás esperando? Sangres logo de mim.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Diálogo com o Vento



Nesta varanda, sinto que o vento me chama para conversar. Aliás, ele não me chama, já chega falando... Ai de mim se não ouvir o que ele tem para dizer!

São tantas coisas boas... Sério? Não diga! Eu já sentia, juro! Em vão? Imagina, nunca jurei em vão. Perdão. Minto. Já o fiz. Sim, eu sei que sabes, vento. Sei que viestes de todo lugar, que vais para todo lugar, que sabes de todo lugar. Já pedi que me perdoes, não te exaltes desta maneira, não precisas sacudir tanto assim a minha janela. Se continuares fazendo com que as portas batam, acordarás a casa inteira e não poderemos continuar nossa conversa. Sim, eu te entendo. Exaltar-se é tão comum... Sei do que falo. Sei sim, e sabes que eu sei. É tão bom conversar assim, de vento pra vento! Como assim? Humana, eu? Não me conheces, então. Sou de carne e osso, mas minha alma é pura ventania. Tudo se vem e se vai de tal modo que é como se meus sentimentos formassem furacões, tornados. Um desastre só! Por isso falo: Não há melhor diálogo. Gosto do arrepio que me causas. É um arrepio que não me faz mal, que não pressente, que não teme. É momentâneo e profundo, não causa maiores estragos. Quisera eu que fosse eterno. O quê? Tens que ir? Mas já? Fiques mais, vento. Vente um pouco mais para dentro de mim! Não podes? Entendo. Há milhões de outros céus que devem ser visitados... Mas não faz mal. Sei que voltarás, faz parte de ti... Vais, mas sempre voltas.

Vento



Vento que venta e que vai
Que entra e nunca mais sai
Vento que foi, mas que volta
Vento que amarra, mas solta

Vento que venta e que vem
Vai lá e voa para além
Vai, mas pra dentro de quem?
Se é que se vai para alguém

Vento que venta e vaia
Entre e nunca mais saia
Uive pro céu que se extende
Vá e nunca mais vente.

Vento que causa agonia
Vento que a pele arrepia
Vento que vento varia
Vento, sabedoria.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Não



Não é uma palavra muito forte. Nunca parei para pensar na imensidão das consequências que tal pode causar e, agora que o faço, enfraqueço. Em sua maioria, não é um sentimento tão vazio que entorpece. Não, mesmo quando nega um fato ruim, nega; fica claro que é tão pra menos, tão pra menor, tão pra nada. Não é tão não-positivo, não-feliz, não-bom. É negativo, infeliz, ruim. Mesmo quando ausente, é representado por prefixos que o lembram, o retornam.

Mas devemos afugentar o medo do não. O não pode ser enfrentado e superado. Devemos encará-lo como caminho para o simItálico. O sim conquistado de cara é sem graça; satisfatório, porém vazio. Conquistar algo que nos foi negado primeiramente é especial e tem um sabor diferente. Por isso, entre nãos, derrapadas e quedas, me levanto e sigo em frente. E assim deve ser feito.

Não é mesmo?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O amor é eterno



O amor é eterno. Sinto em informar àqueles que guardam algum tipo de rancor relacionado a algum relacionamento passado, mas tal sentimento é a maior prova de minha afirmação. O amor não sai de nós e todo e qualquer outro tipo de sentimento que podemos vir a ter é uma variação do mesmo. Essa música que ouço agora me faz lembrar o quanto eu te amei, o quanto fomos felizes e o quanto nos entregamos. Não me importo que tudo tenha acabado, de coração. O que vale é saber que pude um dia viver a maravilha da entrega e de acreditar na eternidade. Não tem acontecimento no mundo que se compare à sensação de amar somente por amar e confiar na reciprocidade do sentimento. Por isso, escute os conselhos de um eterno apaixonado: Entregue-se. As chances de o fim vencer a eternidade são grandes como o oceano, mas ainda há o pedaço de terra que faz com que acreditar valha a pena. E onde vivemos? Não creio que seja na água. É o chão que nos sustenta. É o amor que nos mantém. E ele é eterno. Por mais que acabe um dia, ele pra sempre viverá.

Vai entender...

Desiludido, pobre de mim
Que nunca amei um dia assim
Pude torcer que então, por fim
Pudesse o não viver um sim

Estou sentindo
E sorrindo
Me surpreendo ao perceber

Está nascendo
E não morrendo
Como deveria ser

Está sendo
E não devendo
Como deveria ver

Mas por ser assim tão bom
Fácil feito dom
Questiona-se

Para quê
E por quê
E pra quem
E também
E, assim, não mais tão bem

Quê fazer
Quê dizer
Quê sofrer
E por quê?

Desencanta-se
Desengana-se
E agora?

Lá fora
Por quê não aqui dentro?
Indo embora
Por quê não permanecendo?
Só agora
Por quê não há algum tempo?

Foi além
Viveu alguém
Tornou-se ser
A padecer

É tão constante
Que acaba um dia
Mas a agonia
Fica.

E por quê?

domingo, 19 de julho de 2009

Tempo suficiente



60 segundos.

É o tempo que eu lhe dou para resolver a situação. 1 minuto é pouco demais, mas 60 segundos são suficientes. É a mesma coisa, eu sei, não sou idiota (pelo menos não nesse sentido). mas 60 é um número maior e me dá a impressão de que temos mais tempo. Ou que você tem mais tempo, já que tudo está na sua mão. Ou tinha, já que levei 30 segundos para chegar a conclusão de que tanto faz a unidade que uso para a contagem do tempo, quando o meu objetivo é que você faça o que tem que fazer. 15 segundos nos restam, ou 1/4 de minuto, e você ainda não o fez. Que quer que eu pense? Se é que quer que eu pense. Cacofonia braba. Se é que quer que eu. Se é eu que quer. Se é que quer. Se é que eu. Se é que.

Faltam 5 segundos, tempo suficiente para lhe dizer que

Mas preciso



Me deu uma vontade louca de gritar agora! Gritar em alto e bom som, para que todos possam me ouvir! Não costumo exigir que alheios prestem atenção em mim, já que basta que eu mesma me compreenda, mas estou sentindo uma louca vontade de me expressar. Como poderei fazê-lo, se ninguém parar pra ouvir o que tenho a dizer? Se ninguém prestar atenção na bomba de sentimentos que explode dentro de mim? Se são todos capazes de me julgar, por quê não seriam de ouvir o que tenho a dizer? Não quero me explicar! Não preciso! Mas preciso. É estranho, é, sim, eu sei, realmente, concordo plenamente, cem por cento, completamente, de verdade, mas. Mas. É isso! É uma espécie de contra-argumentação. Estou eu mesma propriamente me contra-argumentando. E contra o quê? Contra eu mesma, mim mesma, eu. E por quê? Por causa dos outros, dos alheios, deles! E para quê?

Para quê?!

Felicidade conjunta



Uma conversa casual me chamou a atenção. Eu e uma amiga falávamos sobre um acontecimento positivo na vida de uma pessoa e, durante o assunto, comentei: "Que bom. Estou muito feliz por ela!"

Percebo agora como é boa a sensação de se sentir bem pelos outros, ao invés de por si mesmo. Tendo em vista alguns acontecimentos levianos, confesso que não encontro motivos para me abrir a sensações positivas hoje e me sinto, portanto, surpresa. Quando tenho em mente motivos para lidar com sentimentos desagradáveis, me pego em meio a sensações boas. E tudo isso, pasmem, graças à felicidade alheia! Me pergunto então por quê não fazemos isso constantemente? Para quê insistir no egocentrismo? A felicidade é o melhor dos sentimentos, aquele ao qual todos os outros que nos fazem bem tendem a levar, então por quê temos que fazer dela unicamente nossa? Divida a sua com os outros e se aproveite daquela que eles sentem também. O ser humano já começa errando no conceito. Dizemos que somos 'indivíduos', que nos leva a 'individual', que nos conduz ao egoísmo. Nós somos um conjunto. Trabalhemos, portanto, em conjunto. Conquistemos em conjunto e sejamos felizes assim também.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Rebeca,

Escolhi começar esta carta com uma breve explicação sobre ter escolhido seu nome como o vocativo por mim usado para iniciá-la, ao invés de "amiga", "Reb" ou similares. Hoje é o seu aniversário de 18 anos e você não faz ideia da maneira com que isso me toca. Como posso usar adjetivos ou apelidos para iniciar uma carta que estou escrevendo para uma menina que hoje, mais do que nunca, me prova que se tornou uma mulher?

Seu nome, Rebeca, como você já deve saber, significa "progenitora", mãe. Você deve pensar "lá vem ela me zuando", como nós fazemos de vez em quando, mas dessa vez eu falo sério. É só pensar, amiga: qual é a função de uma mãe? Entre tantas, a principal é dar a luz, já que sem essa nenhuma das outras seria possível. E quer uma pessoa que nos dê mais sua luz do que você? Não existe! Como uma estrelinha, lá do céu você ilumina o mundo e divide o seu brilho com todos que te cercam. Acredite, é assim.

Porém, como eu disse anteriormente, hoje é o seu aniversário de 18 anos. Desculpe, amiga, mas vou voltar a esse ponto a carta inteira, porque eu não me conformo de te ver crescer assim. Vamos começar agora com a parte nostálgica da carta, pelo que você já pôde perceber... Era uma vez uma menina gordinha que temia pelo seu primeiro dia de aula na escola nova. Ao abrir a porta da sala de aula para ela, a professora a apresenta aos novos coleguinhas de turma. Uma menininha magrela, de cabelos pretos, compridos e completamente bagunçados, sacode suas mãos em um tchau desengonçado e abre um sorriso que quase não cabia na sua face. Começava ali a história da nossa amizade que, quase 14 anos depois, permanece.

Não ouso usar adjetivos como "forte", "sólida" ou "intacta" após o "permanece" ali em cima, como você pode ver. E explico: Permanece, por si só, já é o que precisamos pra descrever o rumo da nossa amizade. Não importa o que vier após, amiga, seja bom ou ruim, a nossa amizade vai permanecer. Não precisamos de força, solidez ou de uma relação que seja inatingível, porque o significado que nós damos à palavra "amizade" já expressa todos esses valores por si só. Dizer que ela permanece incrível, especial ou intacta é ser redundante. Desnecessário.

Mas, minha amiga, hoje você faz 18 anos. Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar no contraste entre a Rebequinha que eu conheci anos atrás e a mulher que está agora lendo esta carta. Amiga, me promete uma coisa? Quando esse movimento todo passar e você estiver sozinha, procure um espelho e se olhe. Quando você o estiver fazendo, vá além: se enxergue. Perceba seus novos traços, feições, o tamanho do seu cabelo, a profundidade do seu olhar. Isso, reb, é, externamente, a mulher que você é hoje. Internamente não precisa... você sabe quem você é. O que acontece é que, diante de toda essa confusão que é a vida, a gente às vezes esquece. Mas não se preocupe, amiga, em meio à tantas coisas das quais podemos nos distanciar, você jamais vai se perder de si mesma. Acredite.

Agora vem a parte final dessa carta, aquela na qual eu faço os meus votos de feliz aniversário. Rebeca Cury, hoje você faz 18 anos! E, se a felicidade fosse sólida, eu seria capaz de sair por aí catando cada pedacinho dela, onde quer que eles estivessem, para entregá-los a você. Mas não dá, amiga. Isso significa que a gente nunca vai ser plenamente feliz se esperarmos ser plenamente felizes. Deu pra entender?

A vida é tão inconstante que deve ser como uma caixa de sorteio, onde, a cada sacudida, os papeizinhos nos quais estão escritos 'alegria' e 'amor' se misturam com outros como 'dor', 'lágrimas' e 'saudade'. E quando a gente mete a mão ali dentro e puxa, pode sair qualquer um, entre positivos e negativos. Mas, cada vez que um papelzinho que julgamos ser ruim é tirado, a chance de um bom sair aumenta. Isso significa que adversidades fazem parte da vida e é essencial que saibamos lidar com elas, para que depois possamos meter a mão naquele saco e sortear algo que nos satisfaça.

E eu juro, amiga, que nunca vi ninguém que saiba lidar melhor com as adversidades da vida do que você. Esse é um dos tantos motivos que fazem com que eu a admire muito mais do que qualquer um possa imaginar. E é com essa força de muralha que você vai seguir a sua vida, lutando pelos seus objetivos e cultivando todos os sonhos que passarem pela sua cabecinha. Tenho certeza, Reb, que você vai conseguir. Você nasceu pra conquistar. E vai. Eu acredito em você. Basta você acreditar também.

Enfim, minha amiga, você faz 18 anos hoje. E, neste dia, eu desejo que você siga em frente. Essa carta é pra você guardar com carinho, para que, daqui a 12 anos, quando você estiver fazendo 30, a gente sente em um barzinho e a leia juntas, para dar risadas gostosas e lembrar-nos do passado. Mas só para lembrar, nunca para sentir saudade, porque o passado deve servir apenas como uma boa memória, assim como o futuro é feito para as expectativas. A vida é feita do presente, penso eu. O presente é para viver. E a gente vai viver o nosso juntas! Promete?

Eu te amo.

Com carinho,
Roberta.

domingo, 12 de julho de 2009

Conexões ilusórias




Engraçado, entrar aqui me incomoda um pouco. Não é interessante esse tom extremamente pessoal que venho dando aos meus textos. E explico o porquê: eles não têm nada a ver comigo. Tudo o que escrevo aqui é tão abstrato quanto o que sinto na vida real. Posso tanto escrever em meio a sal algo que fale sobre doce, como sorrindo um texto que chore por mim. Tudo é variável e inconstante, por isso me equivoco ao criar períodos que enganam aqueles que os leem, fazendo-os pensar que me compreendem, mesmo que momentaneamente. Sinto muito, mas quem escreve aqui não sou eu, por mais que seja eu quem escreva. Portanto, que meus textos não sejam usados como conectivos, pois são meramente ilusórios. Que posso fazer se meu maior homônimo sou eu mesma?


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Me sinto



Me sinto mal. Será que tenho esse direito? Tem tanta coisa acontecendo lá fora, tanta gente sofrendo mais do que eu... Ainda assim, me sinto mal. E me sentir desse jeito me faz com que me sinta pior ainda, já que é como se cometesse uma injustiça. E de fato cometo. Porém, me sinto mal e não há nada que seja capaz de mudar isso. Ao menos não nesse momento. E digo mais: essa música não ajuda em nada. Muito menos essa foto. Muito menos essa falta que sinto. De quê eu não sei ao certo, mas sinto. Talvez essa seja uma das graças da vida: não saber a origem dos sentimentos que nos pertubam e nos tiram o ar e nos fazem pensar. Quem liga se o que sinto é tédio, saudade ou dor? São esses sentimentos que nos livram da banalidade de viver de maneira politicamente correta e controlar cada pensamento e cada movimento. Mas não comigo... Sou diferente e canso mais rápido. Em compensação, demoro mais a me cansar. Entenda como quiser. Eu não ligo. A maioria sim. Mas eu não. Sou diferente.

E cansei.

domingo, 5 de julho de 2009

E quando (3)



E quando buscamos pelo começo de alguma coisa, mas já estamos no meio dela?

domingo, 28 de junho de 2009

Para me entregar





E um dia tudo o que eu sentir
será flores
E minha vida vai ser feita
de amores
E tais amores serão de alma
pra dentro
E minha alma será todinha
pra fora
Para que os outros me conheçam
por inteiro
E nunca haja hora
de ir embora

E cada sorriso substituirá
uma palavra
E cada olhar valerá
por uma frase inteira
Quero ouvir um canto
que encanta
E calor de abraço
que incendeia

E por onde eu pisar
que haja vida
Para pintar minha alma
de colorida

Quero canto de pássaros
pelo ar
Quero luz do sol
a iluminar
Quero grandes penhascos
para me jogar
Quero rios profundos
para mergulhar
Quero novas terras
para conquistar

Quero curva e linha reta
Vida plena e completa
Para me entregar.



sábado, 20 de junho de 2009

Havia um copo





Havia um copo vazio
De cristal. Altura média.
Transparente. Resistente.
Porém dentro dele não havia nada.

Corri em sua direção, mas me decepcionei.
Por mais belo e reluzente, não matava minha sede.

Havia um copo cheio.
De plástico. Pequeno.
Branco. Descartável.
Dentro dele havia água.

Corri em sua direção, mas me decepcionei.
Por mais água que ali tivesse, não satisfazia minha vontade.

Mas havia também um copo qualquer
De um material qualquer. De um tamanho qualquer.
De uma cor qualquer. Dentro dele, havia algo qualquer.
Mas era ele quem o segurava.

Corri em direção ao copo.
Alguma coisa foi derramada.
Senti algo molhado em meu corpo.
Quente. Ou frio? Tanto faz.
Aquilo eram só sensações externas.
O calor de seus braços me queimavam interiormente.

E o copo ficou ali, caído no chão, assistindo, enquanto matávamos nossa sede.



sábado, 13 de junho de 2009

Ela era



Ela era. Por todos os momentos, apesar de todas as inconstâncias e adversidades, ela continuava sendo. Espantava a racionalidade de dentro da sua alma, pois essa não tem que ser feita de pedacinhos de razão e sim de entrega plena e completa. Tem que ser feita por inteiro de sensações e sentimentos e de loucos devaneios. E ela, em companhia de sua mais profunda loucura, continuava sendo. Pra quê se entregar ao lugar comum de viver somente por viver e construir. Quem se importa com o que é fixo, sólido e constante? Não ela, de jeito nenhum, ela não. Mas, apesar de tudo, ela era. Foi um dia, era naquele e hoje continua sendo. Ela é apesar de. Ela vive apesar de. Apesar da razão, apesar da dor, apesar da fome e da saudade. Ela se alimenta da agonia e a transforma em vida. Ninguém vive se não tiver essa capacidade. Ninguém é se não vive.

Mas ela era.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Boa e velha caneca



Tenho um copo de chocolate. Uma caneca, pra ser exata. E, neste momento, ela é a minha maior companheira. Nada me satisfaz mais do que ver a fumaça que sai de seu interior e me prova que ali existe um calor que de alguma forma me aquece. Quando me dizem que comer é a melhor maneira de enganar a solidão, eu retruco: beber é bem mais eficiente. Se for chocolate, melhor. Chocolate quente, melhor ainda. Mas o grande diferencial está na caneca. Se fosse um copo qualquer, não teria a menor graça... Às favas com o copo de plástico, a garrafa térmica, o copo de requeijão! Não dou a mínima para essa taça de cristal! Tenho comigo minha velha e boa caneca e ela é a minha maior constância. Me sinto feliz e plenamente satisfeita.

Mas o chocolate acabou.
Ó, Senhor, que farei da minha vida agora?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Amemos!



Amemos! E não apenas isso. Apaixonemo-nos, entreguemo-nos! Devemos amar acreditando que só nós somos capazes de amar, que ninguém nunca amou tanto e ninguém nunca amará assim depois de nós. Só o amor é capaz de unir seres vivos de forma que se completem e se satisfaçam, pois somete ele os une pelo que há de mais profundo em cada um. Não devemos viver, mas sim, antes de tudo, amar, e viver apenas acidentalmente.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Soneto do que passou



Feliz foi o tempo que passou
Feliz a flor que desabrochou
Triste a que veio a murchar
Triste o que não pudemos evitar

Contrário aos dias que hoje são
Alegres os dias que já não são mais
Compreendê-lo não fostes capaz
De tanto o amor em teu coração

Sorrisos e lágrimas se fundem
Para que de ambos surjam
A tão sonhada calmaria

E os outros - melhor que escutem
E que de seus sentimentos nunca fujam
Para que não fuja deles a alegria.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Da série: E quando



E quando a gente se pergunta:

- O que eu ainda estou fazendo aqui?

domingo, 31 de maio de 2009

Mania minha



Mania minha de achar que tudo o que eu faço está errado e que sempre há algo a ser modificado. Mania minha de buscar, buscar, buscar e, ainda assim, sentir que falta alguma coisa. Mania minha de procurar incentivo em outros e não em mim mesma. Mania de acreditar no que os de fora pensam! Se eu ouvisse apenas a mim mesma, será que as coisas seriam mais fáceis? Mania minha de me questionar! Talvez, se perdesse menos tempo fazendo perguntas e deixasse por isso mesmo, as coisas fossem menos complicadas. Mania minha de nunca optar pelo caminho mais fácil! Mania minha de querer lutar... Daqui em diante, alcançarei todos os meus objetivos e não mais me importarei com a opinião alheia. Mas isto é só mais uma mania minha: prever o futuro, traçar metas... Mais mania ainda é de sofrer, me esgotar, mas cumprí-las plenamente. Tudo isso por causa da maior das minhas manias: a de ser feliz.







sábado, 30 de maio de 2009

Da série: Diálogos com a mente (2)

*(C) Consciência
(E) Eu



(C) - Saia já daí!
(E) - Hein? De onde vem essa voz?
(C) - Não sou uma voz! Sou sua consciência, venho de dentro de você!
(E) - Ah! Tá bom.
(C) - Saia deste computador imediatamente!
(E) - Não!
(C) - Desligue-o agora e vá estudar! Você tem prova sexta!
(E) - Eu vou... Mas são 18h:53min. Prometo que irei às 19:00h!
(C) - Se você ainda estiver aí às sete, só querer sair 19h:10min!
(E) - Mentira.
(C) - Verdade. Já são 18h:55min e você ainda está aí.
(E) - Então cale a boca e me deixe curtir meus 5 minutos restantes.
(C) - Você quis dizer 4 minutos restantes.
(E) - Viu só?! Só por isso sairei às 19h:01min.
(C) - E vai deixar de resolver uma questão na prova por essa diferença!
(E) - Credo! O que é você? Consciência ou macumba?
(C) - Sou o seu futuro.
(E) - Não é nada.
(C) - Sou sim.
(E) - Lógico que não é.
(C) - Só lhe restam 3 minutos agora.
(E) - Aí, tá vendo? Tá me atrasando aqui.
(C) - Eu estou contribuindo para o bom uso de seu tempo!
(E) - Não tá nada, só tá atrapalhando. Você não serve pra nada.
(C) - Sou muito mais útil do que você pensa. Sem mim você não vai a lugar nenhum.
(E) - Não viaja, consciência.
(C) - 2 minutos.
(E) - Mas eu ainda ia atualizar o meu perfil do orkut!
(C) - Que pena.
(E) - E não adicionei aquela foto muito legal do churrasco de turma.
(C) - Azar.
(E) - E também não...
(C) - Um minuto.
(E) - Sai daqui, relógio ambulante. Até parece que vou seguir o que você diz.
(C) - 45 segundos.
(E) - Não dou a mínima pra sua contagem regressiva, vou continuar aqui.
(C) - 25 segundos.
(E) - O que você vai fazer se eu não sair? Controlar a minha mente, por acaso?
(C) - Sou mais poderosa do que você pensa. Da onde acha que surgiu o seu 'inconsciente'? Do simples e puro acaso regido por mim.
(E) - Vamos ver.
(C) - Contagem regressiva: 10, 9, 8...
(E) - Não vou sair daqui.
(C) - 7, 6, 5...
(E) - Você nunca vai me vencer!
(C) - 4, 3, 2, 1... Eu avisei.

(Silêncio)

(E) - Dona consciência?...

(Sem resposta)

(E) - Eu hein. Devo estar maluca. Bom, agora que já são 19:01, vou terminar o que tenho que fazer aqui e começo a estudar às 19h:10min. Esses 10 minutinhos não vão fazer falta mesmo. Gente! Não acredito que Mariazinha botou essa foto! Que garota idiota! Imagina o que...

(Puf. Repentinamente, o laptop apaga)

(E) - O quê? Favor carregar a bateria? Tá de sacanagem! Não! Impossível! Que mer%*! Perdi o download das fotos! Put%-qu*-p@#&*! Perdi o texto do orkut! Cara*%#! Perdi o log da conversa com fulano! É tudo culpa daquela escrot*! Consciência filha da pu*%! Não acredito nisso!



Moral da história: Ouça sua consciência. Ela tem sempre razão.

E não esqueça de carregar o seu laptop, imbecil.











quinta-feira, 28 de maio de 2009

Será que?



Tudo tão escuro. E tão sério. E tão misterioso.
Pergunto-me pela luz que se esconde atrás desse céu negro
Pergunto-me pelo calor que se disfarça de frio, só para causar arrepio
Penso nos sonhos que estão perdidos em meio a toda essa escuridão
Será que um dia serão descobertos? E, se descobertos, serão realizados?

Se forem, não mais serão sonhos.
E, se não forem sonhos, serão suficientes?

Um tanto quanto



Aquele toque: Suave, um tanto quanto mágico, encantador.
Aquele encanto: De poesia adorável, um tanto quanto mágica, invasora.
Aquela invasão: De um sentimento possível, um tanto quanto mágico, inevitável.
Aquele sentimento: Suave, encantador, adorável, invasor, possível, inevitável e um tanto quanto mágico.

Aquela magia: Um tanto quanto amor
Aquele amor: Um tanto quanto mágico

domingo, 24 de maio de 2009

Neste momento, busco

Há algum tempo, venho buscando algo que me complete a alma, que me incendeie o corpo, que me suba a cabeça e me cause arrepios. Algo que me mexa comigo, que me transforme, que me enfeitice, que me faça querer mais, que me faça pedir por mais.

Neste momento, eu busco por um novo amor, preciso de um novo amor. Minha alma clama por chama, chama por calor, cala em meio a solidão e se consolida quando apaixonada. Preciso de uma metade, não consigo ser plena em mim mesma por muito tempo. Porém não exijo alguém que seja por inteiro, que seja uma forma sólida e sem graça. Gosto de amar pedacinho por pedacinho, parte por parte e descobrir cada detalhe, me jogar em cada mistério e me entregar à cada movimento.

Neste momento, eu te busco sem saber quem realmente és. Podes ser baixo, alto, não me importa a cor de teus cabelos, de teus olhos, não é relevante o modo como te vestes. Mas, ainda assim, sem ter nenhuma pista de quem possas ser, eu te busco. Não precisa nem ser carne, basta ser apenas sentimento, fantasia, desejo... Basta ser alma pura e divertida, alma que se entregue, basta ser vulnerável ao amor.

E basta querer me fazer completa.
Por onde andas, neste momento?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ei!

Ei! Eu
Brinquei, pulei, cantei
joguei, dancei, gritei
pintei, enfeitei, acabei

Participei, aliviei, virei,
tentei, apostei, acreditei

Acreditei. Eu acreditei.
Acreditem ou não
Eu agora virei rei

Virei!
Transformei, me tornei
Rei. Eu me sinto como rei.
Mas não como real

Ei! Quantos eis ainda me restam?

Busquei eu já falei?
Mas falei eu não citei

Busquei, falei, citei...
Mas ainda falta algum
Ei! Lembrei!
Lembrei

brinquei, pulei, cantei
joguei, dancei, gritei
pintei, enfeitei, acabei
participei, aliviei, virei,
tentei, apostei, acreditei
busquei, falei, citei, lembrei...

Ei!
Eu li
Eu ri
Eu rei.


sábado, 2 de maio de 2009

Mas e o mais?

Eu quero mais, não me contento. Eu quero sempre mais, mas nunca sempre. Eu não preciso da eternidade, eu preciso da intensidade. Eu não quero nunca 'nunca mais', quero sempre 'sempre mais', mas nunca quero apenas sempre ou nunca. Vê-se que preciso de um complemento, mas eu não quero mas. Eu não quero os opostos, me atrai a adição, a variedade. Eu quero o mais advérbio, já que aquele que é conjunção me traz idéia de adversidade... Eu não quero adversidades. Eu quero as diversidades.

E tem

E tem aquelas ondas que quebram na pedra e espalham suas águas por todos os lados. E tem aquela areia que me faz cócegas e me arranca um sorriso fácil, sincero e tranquilo. E tem os paralelepípedos pelos quais eu ando, corro e muitas vezes flutuo. E tem a maresia que cai sob todos os anteriores. E tem o vento que me bagunça os cabelos e me causa um arrepio daqueles que a gente sente quando ama. E tem quando a gente ama. E tem quando a alegria. E tem quando a gente está, quando a gente esteve e terá também quando a gente estará. E terá eu e você, ou eu e ele, e mesmo quando não tiver outro pronome pessoal pra me acompanhar, ainda restará 'eu'. Ou ainda restarei. Ou não, porque eu nunca vou restar. Eu vou é sempre estar.


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Quem?

Quem vai me dizer que
o que passou foi bom?
Se da música que agora toca
eu não ouço nenhum som

Quem vai me provar que
o amor que dei não foi em vão?
Se do "sim" que nós dissemos
hoje resta apenas "não"

Quem vai insistir que
a vida é boa de viver?
Se um dia eu prometi
que viveria por você

Quem vai me mostrar que
o para sempre é utopia?
Se a eternidade era
a nossa fantasia

Quem vai responder
por quê existe o final?
Se o amor sempre começa
sendo imortal

Quem vai ser capaz de
dizer que não acredita?
Se à fronteira da ausência
meu coração não se limita...

Ninguém.

Ninguém vai me dizer
Ninguém vai me provar
Ninguém vai insistir
Ninguém vai me mostrar
Ninguém vai ser capaz...

Além de você
E da falta que você me faz.

sábado, 11 de abril de 2009

Aquela que me colore a alma

Minha mãe chegou em casa com um presente, uma noite. Eu, criança, pequena e desesperada, me joguei em seus braços em um abraço caloroso, que teria como recompensa a abertura daquele tão reluzente papel de embrulho que envolvia o presente. Lembro como se fosse hoje... Era grande e plano. O quê, para uma criança, é mais atrativo do que um embrulho grande?

- Abra-o, minha querida. É pra você. - disse minha mãe.

Sem tentar disfarçar a ansiedade, me joguei em cima do embrulho, rasgando-o como um leão faminto diante de sua presa. Ao abri-lo, senti-me decepcionada e, confesso, com um pouquinho de raiva. O que eu iria querer com um quadro grande e branco, daqueles de pintar? Eu nem gostava de desenhar! No fundo do pacote ainda havia uma caixa com tintas coloridas e dois pincéis... Sem graça. Logo minha mãe, que me conhecia melhor do que ninguém, havia me dado um presente que eu, no auge dos meus 7 ou 8 anos, julgara dispensável. O que será que havia dado na cabeça dela?

- Venha, minha filha. Pegue as ferramentas que lhe dei e sente-se aqui do meu lado. Agora, juntas, vamos fazer o seu presente! - disse ela.

Brincadeira, né? Eu estava desapontada e desejava ir assistir ao meu desenho... O que minha mãe estava querendo dizer com "fazer o meu presente"? Pra mim, os presentes estavam jogados ali, no chão, bem em frente a nós duas. Mesmo um pouco desorientada, fiz o que mamãe pediu e sentei-me ao lado dela, no chão da sala, com o pincel à mão e as tintas e o quadro próximos de nós.

Foi incrível.

Comecei com uma flor, um dos poucos desenhos que sabia fazer com perfeição, já que meus bonecos eram cabeçudos e magrelos e minhas árvores mais pareciam sorvetes de casquinha. Mamãe ganhou minha admiração ao desenhar uma linda casinha, com traços tão simétricos que beiravam o real. Mas isso foi no começo... Depois, começamos a rabiscar. Misturávamos as tintas e criamos novas cores. Virávamos o pote em cima do quadro e criávamos novas formas. Mergulhávamos a mão na tinta e as deixávamos marcadas na pintura. Até que, com o espaço branco colorido quase por completo, resolvemos pintar uma à outra. Desenhei um coração na mão de mamãe e ela fez o mesmo na minha. Lembro-me perfeitamente do maravilhoso sentimento que me possuía naquele momento... Eu tinha minha mãe só pra mim. Era comigo que ela estava se divertindo, por minha causa que estava sorrindo. Naquele momento, ela era só minha e de mais ninguém.

No fim, eu estava esgotada, mas plenamente satisfeita. Mamãe me deu banho e me botou pra dormir, o que não acontecia com frequência, já que ela costumava chegar cansada do trabalho e, muitas vezes, ia se deitar antes de mim.

Naquela noite, não sonhei. Por quê precisaria?

À você, mãe, agradeço por me ensinar o valor da vida. Obrigada por me ajudar a transformar um quadro branco em uma obra de arte, me mostrando que, quando uma coisa nos decepciona, basta darmos cor à ela.

E obrigada por fazer parte de mim.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

E quando

E quando temos tanto a dizer que acabamos não dizendo nada?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Por isso penso

Errado, tudo errado. Melhor parar de pensar um pouco. Quando o faço demais, enxergo muito além do que meus olhos seriam capazes de ver, se limitados ao campo de visão comum. Aquilo que os outros chamam de realidade é, para mim, cortina usada como enfeite ilusório na janela da humanidade. Eu, que nunca fui de julgar presente pela embalagem, começo a me cansar de abrir as janelas e me acostumo à beleza de suas cortinas, bordadas especialmente para distração. Mas não me rendo! Luto contra o comodismo e, por isso, penso. Penso e contesto, viajo, vou além; e, quanto mais paro para analisar, mais banais as coisas ficam, e as janelas me parecem tão sem graça quanto as próprias cortinas.
Por isso, ando em direção a porta, abro-a e vou embora.
Por isso penso.


quarta-feira, 18 de março de 2009

Tenho que fazer

Tenho que fazer. Esse é o maior problema.
É tão mais fácil quando a gente faz porque quer, e pronto.
Mas ter que fazer é complicado e conduz à pré-indisposição.
Estou pré-indiposta a fazer o que tenho que fazer.
Mas tenho que fazer, não é mesmo?
Então, o que estou fazendo aqui?
Fazendo o que não tenho que fazer.
E por isso o faço. Se tivesse que, não o faria.

E o mistério da vida desvenda-se aqui.

terça-feira, 10 de março de 2009

Estou atrasada

Estou atrasada. Não há nada mais angustiante do que estar atrasada. E quanto mais tarde fica, mais parece que as horas não andam, correm; com o sério intuito de me sacanear. O que mais incomoda nessa história toda é que permito às horas que me sacaneiem, pois mesmo tendo consciência de que o tempo corre contra mim, continuo desperdiçando-o. Passeio pela casa a espera do telefone que não vai tocar, aguardo a reportagem que não vai passar no jornal e anseio por ouvir alguém gritar o meu nome... Mas ninguém o fará. Não, porque o meu atrasada é proposital. Se não o fosse, todos me ligariam, chamariam, choveria, faria sol, nevaria talvez. Mas nada que julgo ser realmente interessante me acontece, e isso justamente porque ando em busca de pretextos que me afastem de minhas responsabilidades. Quando a droga do atraso é proposital, nada contribue para que minha consciência encontre justificativas que amenizem sua culpa.
Neste momento, estou mais atrasada ainda. E não há nada mais angustiante do que estar atrasada. Exceto por ter plena consciência de que estou atrasada e falhar na tentativa de fazer com que tenha sido por acaso.

domingo, 8 de março de 2009

Nós, mulheres

Hoje, 8 de março, sou moralmente obrigada a escrever algo que se aproxime da mágica complexidade que é ser mulher. Ser mulher é ser sensível a um toque na mão, mas resistente a um tapa na cara, muitas vezes dado pela própria vida. Ser mulher é tomar a perda de um emprego como oportunidade de renovação, mas a perda de um amor como o fim do mundo. É enxergar uma barata como um ser cruel e impiedoso; porém, uma pessoa de fato cruel e impiedosa, apenas como um obstáculo a ser superado. Ser mulher é se irritar com um salto quebrado, uma unha mal feita e um cabelo bagunçado, mas manter a calma diante de uma tragédia e enxergá-la apenas como uma fase ruim. Somos seres frágeis como borboletas, mas fortes como leoas, e a força a que me refiro não é física, obviamente, aquela da qual os do sexo masculino tanto se vangloriam por ter; falo de força interior. Deus criou os homens para dominarem o mundo, é verdade... Mas criou-nos, mulheres, para dominarmos os homens.

Parabéns à todas as mulheres pela nossa data simbólica, pois nossos dias são a cada sol nascente!

sábado, 7 de março de 2009

Quem sou eu, afinal?

Quem sou eu, afinal? Quantas posso ser, por quantos posso ser, pelo quê e para quê eu quero ser? Quer dizer, por quê raios preciso realmente? Se a ser alguém específico já sou obrigada, por que motivo preciso saber quem? Eu respondo: Apenas para que os outros fiquem cientes e, assim, saibam como lidar comigo. Mas eu logo aviso: Ai de quem se interessar pelo descobrimento da minha alma, pois estará entrando em um buraco sem fundo, onde, uma vez dentro, nunca mais fora. Gosto assim, é uma delícia absorver. Mas quem sou eu, afinal? Um pedaço de cada livro que li, cada música que escutei, cada lugar que visitei, cada pessoa que amei... Perdão, equivoquei-me quanto à conjugação do verbo amar. Não me é permitido utilizá-lo no passado, já que o amor não sai de mim nunca; É como um membro: Nasceu comigo, vai morrer em mim. Outro equívoco, percebo. O amor é imortal.

terça-feira, 3 de março de 2009

Da série: Madrugadas no MSN (2)

- She says: Não sei qual é o rumo que a vida vai tomar a partir daqui, mas sei que tenho que lidar com o rumo que ela tomou a partir dali, daquele momento.

- She says: E o rumo foi esse, por isso agora aqui estou... Não sou feliz o tempo inteiro, mas aprendi que quando fico triste não é por causa de sua ausência, desculpa muitas vezes usada pelo meu coração para sentir sua falta. Se a felicidade fosse baseada em uma só estrela, por quê haveriam tantas outras espalhadas pelo céu?

domingo, 1 de março de 2009

Entre amores, quedas e subidas

Quanto mais alto a gente sobe, mais dolorosa é a queda.
Daí tiramos o pensamento de que controlar-se é uma boa pedida.
Mas qual é a graça quando você sabe que há limites para sua viagem?
Pergunta-se: Será que vale a pena arriscar?
Quer dizer, será que vale a pena subir, subir, subir, subir...
Pra depois cair de uma só vez e estatelar-se no chão?
Ou será que é melhor subir um pouquinho e parar?
O suficiente é satisfatório?

Tô subindo... Pronto, parei.
É... é isso aí. Aqui estou eu... No alto... Em cima... Pois é.
Cair eu até vou, mas vai doer menos.

Pois então... Como seria se eu tivesse subido mais?

Ou

SUBINDO... SUBINDO... SUBINDO
ALUCINANTE, LINDO, EXTASIANTE
CADA VEZ MAIS ALTO, MAIS LIVRE
- E, de repente, no auge da sua loucura:
CAAAAAAAIIIIINNNDOOOOOOO!
E *@#&#@(*@#)*!@#& no chão.


Vou te contar, dói demais.
Mais do que você pensa.
Mas vale a pena.
Eu subi, viajei, vivi... E caí, por consequência.
É quase uma lei do universo.
Mas pelo menos eu ARRISQUEI.

E se eu não tivesse subido?
Teria me machucado menos, com certeza.
Mas eu não me importo, eu vivo intensamente.
Tudo meu é alto demais, ou baixo demais.
Não tem essa história de plano... Pro inferno com o mais ou menos!
Até sentir dor é bom. Me faz lembrar que eu AMO. Me faz lembrar que eu VIVO!
E esse dom queda nenhuma arranca de mim.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Da série: Diálogos com a mente

(P)*- Oi! Lembra de mim? Sou seu passado. Vim visitar-lhe, faz muito tempo que eu não incomodo!
(E) - Não! Você não é mais bem vindo, dê o fora.
(P) - Eu não ligo, apareço quando você menos espera... Você não pode se livrar de mim!
(E) - Posso sim, vou te ignorar!
(P) - Assim como você vem fazendo? E desde quando isso me impediu de aparecer?
(E) - ...
(P) - Viu só?
(E) - Mas você é passado. E o que é passado, passou!
(P) - Bem observado. Mas assim como um bumerangue, tudo o que vai, volta.
(E) - Bem observado. Mas eu não sou um bumerangue e você não vai voltar.
(P) - Bem observado. E quem disse que eu um dia cheguei a ir?

Bem observado.


*(P) - Passado.
(E) - Eu.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Variações

Tenho tanto pra dizer que não sei por onde começar! Nem sei se dá realmente começar, porque o que sinto é infinito e mutável, transformando-se a cada palavra que eu digito. Talvez seja realmente impossível passar o pensamento pro papel, como já disse o poeta. Talvez ele estivesse realmente certo, ou talvez não. "E pra quê tanto 'talvez'?", meu Deus, eu me pergunto! Pra quê tanta indecisão? Eu bem sei que minha indecisão é uma variação do medo... Um dia, senti medo de não ter e, agora que não tenho, sinto medo de ter de volta; mas, ao mesmo tempo, sinto medo de não ter nunca mais! E sinto medo, muito medo, do próprio sentir medo! "E pra quê tanto medo?", meu Deus, eu me pergunto! E pra quê tanta pergunta? Quando eu pergunto a mim mesma, é suposto que eu deva responder, mas se pergunto algo é porque não sei a resposta... E, se não sei a resposta, por quê me pergunto?!

Pois é.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Da série: Madrugadas no MSN

He says: É... o mundo dá voltas. E, no fim, a gente sempre termina aonde começa: No céu.
She says: Já eu acho que a gente nunca termina... Apenas recomeça de uma maneira diferente.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Devaneios

E quando a gente tem um milhão e trezentos e cinquenta e quatro mil coisas na cabeça e pensa em todas elas ao mesmo tempo e perde a capacidade de distinguir o quê é o quê e não mais sabe encaixar cada qual em seu lugar pois é imaginação demais e são devaneios demais e curiosidades demais... E quando a gente começa a falar sozinho já que é tanta coisa dentro da cabeça que de alguma maneira tem que ser posto pra fora como uma espécie de vômito de pensamentos! É na madrugada o perído em que a minha mente resolve fazer um balanço do dia da semana do mês do ano quando não da vida inteira... E são tantas as coisas que me vêm como um filme que penso em pegar carona com meus devaneios e refugiar-me no lugar de onde eles vêm ou quem sabe no lugar pra onde eles vão porém o mais incrível de toda essa loucura é sabe que milhares de idéias me passam pela cabeça mas a origem das mesmas me foge completamente! Se tantas coisas podem em mim ser controladas prefiro que minhas idéias não façam parte de tais pois não tem graça deixar de viajar na máquina que é a minha mente... Para os meus pensamentos não existem pontos ou vírgulas há apenas exclamações e reticências pois eles se exaltam e se extendem em uma viagem para a qual não há limites e muito menos fim

domingo, 11 de janeiro de 2009

Encontros cotidianos

Você anda na rua com uma roupa qualquer, o cabelo despenteado e com uma aparência despreocupada... "Não vou encontrar ninguém, vou só ali rapidinho", você pensa, mas, ao chegar um pouquinho mais a frente, dá de cara com um semi-conhecido. Um cara que já fez um cursinho com você, uma amiga de uma amiga sua, ou um primo meio distante que estuda na sua escola. Como mamãe ensinou a fazer, você cumprimenta-o, faz alguma pergunta sobre o único assunto que os une, provavelmente algo passado, e percebe o momento de se afastar quando um silêncio constrangedor se instala entre vocês. "Vou indo lá, bom te rever!" e segue o seu rumo. Chamemos nosso semi-conhecido de Maria e você, de Renata. O que vem após o encontro:

  1. A Maria vai comentar com o amigo em comum de vocês no orkut que te encontrou.
  2. Você vai se lembrar de como estava mal vestida quando a encontrou.
  3. Ela vai se lembrar também.
  4. O amigo em comum no orkut vai ficar sabendo.
  5. Algo ruim em relação a Maria vai vir a sua mente, seja sua cor nova de cabelo ou sua simpatia irritantemente forçada.
  6. Uma das duas vai visitar o orkut da outra e deixar um scrap mais ou menos assim: "Adorei te encontrar! Vamos marcar de sair, não some não!!"
  7. A outra vai responder: "Tb adoreiii! Vamos sim! Não some você tb não hein!"
  8. Vocês nunca mais vão se ver, ou se falar.

Até o próximo dia em que você sair mal vestida pra ir na padaria, ou estiver beijando um cara feio da escola, ou estiver gritando com o seu namorado no meio da rua.

Acontece.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Um novo conceito de felicidade

"A situação humanitária é grave no 13º dia da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza. Os confrontos já deixaram 763 mortos e 3.100 feridos no território dominado pelo Hamas e mataram ao menos 12 israelenses -oito soldados em ação em Gaza e 4 civis atingidos por foguetes em cidades de Israel.
O número de mortos palestinos subiu de 702 a 763 porque foi possível recuperar vários cadáveres em escombros de prédios e em campos de batalha durante os períodos de cessar-fogo temporário."


Isso sim é tristeza. É esse o tipo de chama que queima as esperanças da humanidade... Quantas vidas foram desperdiçadas em meio a esse caos? O nacionalismo deveria ser um sentimento de orgulho, não de ganância sem fronteiras. Quando isso tudo vai parar? Aqueles que têm poder o usam para incentivar a matança por debaixo dos panos, mas fazem questão de anunciar o contrário, mantendo a ilusão daqueles cujo acesso a informação é limitado por propagandas manipuladas. Fica o trecho desse site de jornalismo para a nossa reflexão, então.

Brigou com o namorado? O cabelo está rebelde? Não vai sair hoje? Levou bomba na prova? Seu time perdeu o jogo? Que vida escrota, não é? Você não merecia tanta desgraça... Pelo visto é hora de repensar nosso conceito de felicidade.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Links e fotos inconvenientes

Por quê meus próprios membros insistem em querer me desobedecer? Minha mão coça para movimentar o mouse até um link no qual minha mente me grita desesperadamente para não clicar! Acho que chega um ponto em que nosso coração pressente sofrimento. É como se um alerta piscasse dentro de mim, como se a felicidade do outro presente na foto daquele link pudesse me incomodar a ponto de atrapalhar a minha. Isso tem um nome, eu sei... Egoísmo. Mas isso só pelos olhos dos outros que vêem e estão de fora. Aos meus, se chama evasão, ou fuga, vulgarmente falando. Fujo mesmo, com orgulho, pra quê me torturar? Como diz o endereço do meu blog, "corra se puder". Se neste momento eu posso correr, pra quê insistir em algo que não vai me trazer nada bom? Melhor curtir a minha tarde com a minha amiga, Neosaldina, meus espirros e meu bom-humor. E por falar em fuga... Alguém o viu por aí?

Corra se puder!

Saída de emergência. Uma válvula de escape. Uma porta para a fuga. Um caminho para a libertação. Se não podemos fugir da realidade através da própria, por quê não tentar através dos sonhos? Lá fora há um grande incêndio, onde a cada minuto queimam-se mais e mais vidas, mais e mais sonhos e na fumaça se fundem a perda do amor, da solidariedade... A busca infreável pelo próprio umbigo faz papel de combústivel. Batizo este blog, então, com o intuito de usá-lo como uma saída de emergência, pois as mãos encontram-se atadas para agir, mas não para escrever... Isso nunca! Ninguém vai me impedir de me expressar, o fogo não queimará a minha vontade! A cada dia a chama se espalha mais, queima mais, destrói mais... Por isso, fique, lute contra ela ou corra se puder!