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sábado, 11 de abril de 2009

Aquela que me colore a alma

Minha mãe chegou em casa com um presente, uma noite. Eu, criança, pequena e desesperada, me joguei em seus braços em um abraço caloroso, que teria como recompensa a abertura daquele tão reluzente papel de embrulho que envolvia o presente. Lembro como se fosse hoje... Era grande e plano. O quê, para uma criança, é mais atrativo do que um embrulho grande?

- Abra-o, minha querida. É pra você. - disse minha mãe.

Sem tentar disfarçar a ansiedade, me joguei em cima do embrulho, rasgando-o como um leão faminto diante de sua presa. Ao abri-lo, senti-me decepcionada e, confesso, com um pouquinho de raiva. O que eu iria querer com um quadro grande e branco, daqueles de pintar? Eu nem gostava de desenhar! No fundo do pacote ainda havia uma caixa com tintas coloridas e dois pincéis... Sem graça. Logo minha mãe, que me conhecia melhor do que ninguém, havia me dado um presente que eu, no auge dos meus 7 ou 8 anos, julgara dispensável. O que será que havia dado na cabeça dela?

- Venha, minha filha. Pegue as ferramentas que lhe dei e sente-se aqui do meu lado. Agora, juntas, vamos fazer o seu presente! - disse ela.

Brincadeira, né? Eu estava desapontada e desejava ir assistir ao meu desenho... O que minha mãe estava querendo dizer com "fazer o meu presente"? Pra mim, os presentes estavam jogados ali, no chão, bem em frente a nós duas. Mesmo um pouco desorientada, fiz o que mamãe pediu e sentei-me ao lado dela, no chão da sala, com o pincel à mão e as tintas e o quadro próximos de nós.

Foi incrível.

Comecei com uma flor, um dos poucos desenhos que sabia fazer com perfeição, já que meus bonecos eram cabeçudos e magrelos e minhas árvores mais pareciam sorvetes de casquinha. Mamãe ganhou minha admiração ao desenhar uma linda casinha, com traços tão simétricos que beiravam o real. Mas isso foi no começo... Depois, começamos a rabiscar. Misturávamos as tintas e criamos novas cores. Virávamos o pote em cima do quadro e criávamos novas formas. Mergulhávamos a mão na tinta e as deixávamos marcadas na pintura. Até que, com o espaço branco colorido quase por completo, resolvemos pintar uma à outra. Desenhei um coração na mão de mamãe e ela fez o mesmo na minha. Lembro-me perfeitamente do maravilhoso sentimento que me possuía naquele momento... Eu tinha minha mãe só pra mim. Era comigo que ela estava se divertindo, por minha causa que estava sorrindo. Naquele momento, ela era só minha e de mais ninguém.

No fim, eu estava esgotada, mas plenamente satisfeita. Mamãe me deu banho e me botou pra dormir, o que não acontecia com frequência, já que ela costumava chegar cansada do trabalho e, muitas vezes, ia se deitar antes de mim.

Naquela noite, não sonhei. Por quê precisaria?

À você, mãe, agradeço por me ensinar o valor da vida. Obrigada por me ajudar a transformar um quadro branco em uma obra de arte, me mostrando que, quando uma coisa nos decepciona, basta darmos cor à ela.

E obrigada por fazer parte de mim.

2 comentários:

  1. Alémm de bonita escreve bemmm pra caramba??? \o/ impressionanteeee :]

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  2. logo depois de ler seu depoimento de novo,senti vontade de ler mais algum texto seu,e vim pra cá.. (;

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