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domingo, 30 de outubro de 2011

Andamos longe



Tem dias em que você percebe o quando andava longe de si mesmo.

Faculdade, mercado de trabalho, trânsito, pesquisa, relatório. Até mesmo seu momento de lazer é calculado: na quarta-feira, você programa a noite de sexta, a tarde de sábado e deixa parte de domingo para descansar. E que venha o fim de semana!

Até que, um belo dia, você acorda e sente algo diferente. Vai até o espelho e observa cuidadosamente a sua imagem. Você percebe como viver no automático ameniza a passagem do tempo, mas não o impede de deixar marcas. Você muda, a vida corre, o tempo passa, tudo acorda diferente... aquela velha história. Mas em que parte do caminho você se deixou cair?

Todo mundo reflete antes de ir dormir. Todos pensam sobre a vida enquanto se dirigem ao local marcado, enfrentam um engarrafamento ou caminham pela praia. A questão não é essa reflexão efêmera, momentânea e automática, mas o olhar voltado para dentro. Quando foi a última vez que você olhou para dentro de si mesmo?

Perdemos muito tempo ao escolher o caminho que deve ser seguido. Talvez fosse melhor desperdiçar dias com a escolha errada, só para sentir o gosto da renovação. O aprendizado mais incrível é aquele que parte de nossa própria falha. Todo mundo merece ter um erro para chamar de seu.

De repente, o você refletido no espelho chama atenção. Há quanto tempo você não entrava em contato com si mesmo. Há tantos dias você tinha se deixado passar. Porém, essa distância não vinga nunca. A gente se perde, mas nunca se desvencilha da gente mesmo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Procura-se


É mais ou menos esta a sensação: você sabe como o amor é delicioso, mas não o encontra em mais nenhuma loja. A procura é mais difícil porque descarta promoções. Amor não se compra em liquidação. Além de ter um custo alto, não se efetuam trocas. Por mais insatisfeito que o cliente fique, já era: após certo tempo de uso, não se devolve mais. Mas quem é louco o suficiente para cogitar se livrar do amor? Se a primeira compra não satisfez, levante da cama e vá à luta. Você acaba encontrando.

Só não demore: quando a gente passa muito tempo sem comer doce, esquece o gosto do açúcar. Sem sequer perceber, você estará pingando gotas de adoçante. Ouvi dizer que na receita do amor genérico consta infelicidade. Está servido?



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ventania



Dizem por aí que a gente aprende a lidar com os outros pela convivência. Talvez por isso incomode tanto o fato de não ser capaz de compreender a pessoa com quem mais convive: você mesma.

Nem sempre a gente sabe ao certo o que sente. Não é lei compreender o turbilhão de sentimentos que nos tomam de tempo em tempo. Você não faz questão da presença dele ao seu lado, mas machuca saber que ele quer a dela. Ainda que não o deseje, pensa que poderia ser você. E insiste em se perguntar: por que não é?

Chega um ponto em que “não foi porque não era pra ser” passa a não ser mais resposta. Você vira, revira e questiona essa justificativa: quem disse que não era pra ser? É arrogância achar que o destino se resume a começo e fim. Tem tanta coisa no meio disso que você flutua só em pensar. Terminar não necessariamente significa sofrer. O final é sempre a parte mais bela de qualquer espetáculo.

De repente, você não sente mais nada. Foi apenas um susto, uma notícia de última hora. Pegou de surpresa e foi direto em sua parte mais frágil: as lembranças. Sempre tem um sábio para dizer que “quem vive de passado é museu”, mas você não concorda: esquecer é não se entregar. Todos os instantes presentes se tornarão passados em questão de segundos. Você vai apagá-los?

O presente é o passado do futuro.

Então, você cede. Se deixa envolver pela memória, sente seu gosto: permite que ela entre para depois deixá-la ir. Lembranças são como ventania. Elas chegam, sacodem seu cabelo, arrepiam sua alma e ventam para outro lugar. Talvez um dia elas voltem, talvez nem apareçam mais. Quem sabe?

Você percebe então que os outros estavam errados: a convivência não é a melhor forma de compreensão. Convive com si mesma há tanto tempo e, ainda assim, não entende tudo o que sente...

Mas se permite sentir tudo o que venta.

Dessa forma, se compreende por inteira.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Deixe a porta aberta




Mas deixe a porta aberta

Que é pro vento ainda soprar
Pra brisa penetrar
E o amor não sufocar

Depois de lágrimas cortantes
E de silêncios tão gritantes
Sugiro que vá


Mas deixe a porta aberta

Após tanto você me fala em ir
Pois peço que o faça com constância de ampulheta
Que mede o tempo como se fosse apenas tempo
E não senhor de toda vida

Vá como se não voltasse mais
Como se fosse de encontro ao para sempre
Ainda que não se encontre eternidade assim tão dura

Como se não fosse cavar um buraco profundo
E enterrar nossos momentos no mundo
Vá como se a ida fosse apenas ida
E não fim


Mas por favor
Deixe a porta aberta

Pois se fechada eu não enxergo nada
Se para alguém eu não for tão errada
Quem sabe sua saída possa se tornar entrada...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Moça jovem não adormece assim tão facilmente...



Acordo com saudade
Dos risos perdidos
Dos olhares precisos
Dos gestos bonitos

(coração partido)

Levanto com saudade
Dos carinhos suaves
Dos corpos e encaixes
Dos beijinhos na trave

(lembrança que arde)

Converso com a saudade
Sobre as palavras sinceras
Sobre as promessas concretas
Sobre as esperas incertas

(a dor se desperta)

Conto pra saudade
Dos momentos vividos
Dos calafrios sentidos
Da falta de abrigo

(nem reparo que a saudade havia adormecido)

Resta-me a última hóspede
Que, uma vez despertada, se mostra insone

A dor é moça jovem
Energia tem de sobra
Ela acorda e dilacera

Alguns dizem que ela vai-se embora
Então pra quê tanta demora?
Eu me despeço da moça de hora em hora
E ela cisma em me esperar lá fora

A moça sabe que tenho que trabalhar
As horas seguem, os dias passam
A vida tem que continuar
Mas assunto e outro ela teima em puxar

A culpa é minha, toda minha
A dor tem sono leve
Bastou uma conversa com a saudade
para que ela despertasse

Devo cantá-la canções de ninar?
Contá-la história que há?
Fazê-la um chá?
Quem sabe esperá-la cansar

Por isso eu deixo que doa...

E doa
E doa
E doa
E dói
E muito
E doa
E doa
E tic
E tac
E doa
E doa
E doa mais um pouco
E doa
E doa
Tic-tac
E doa
E dói
E doa
E dói
Mas já não tanto
E doa...
E doa...
E dói?

ZzZ