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domingo, 12 de dezembro de 2010

É só um tempo




Uma pessoa não deixa de ser ela mesma
Nem por um segundo
Todos os atos são uma variação do ser
O ser completo em suas múltiplas faces
O ser completo em suas essências
Um único ser
Dentro de outros vários

Ama-se chorando
Não se foge de quem é
A dor consome, mas alimenta
A felicidade distrai, mas não sustenta
As torres do nosso castelo
A gente constrói ao longo do sofrer
Quanto mais intenso
Mais seguras.

A gente foge
A gente corre
É por aí
Mas é tudo um ciclo
Não tem como fugir
São apenas voltas
Pra lá e pra cá
Pra cá e pra lá
E sempre de volta ao mesmo lugar


Não há vergonha por chorar
Lágrimas são apenas traduções
Sentimentos que procuram uma saída
Expressão

A dor se alivia
O choro enfraquece
E o corpo descansa
Mas a mente apenas dá um tempo
Apenas um tempo

Um tempo
Tudo o que é necessário
Um tempo

Vai passar...
Sempre há uma primeira vez
O primeiro corte nunca cicatriza
Até que a gente sofra algum outro
Por cima

Só o amor supera o amor
Nada é maior do que o infinito
Que não o próprio infinito

Sofrer faz parte de amar
Não haveria branco se não existisse o preto
Pra quê calor quando não se sente frio?

O tempo leva
Pra depois trazer de volta
O tempo cura

Vai passar...
Mas depois volta

Depois volta.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Meu tabuleiro



Mas foi bem feito.

Aceitei a regra, agora sou obrigada a apostar no jogo. Eu que tanto fugi desse tabuleiro, agora me torno uma pecinha dele. Aliás, as outras são tão peças quanto eu. Por que as tenho que enxergar como adversárias? Só porque suas cores não são as mesmas que as minhas? Ou porque elas seguem seu caminho ao longo do tabuleiro e eu continuo ali: parada na primeira casa?

Injusto. Sou tanto peça quanto elas, mas o jogo nunca está ao meu favor. Talvez seja culpa destes malditos dados. Suas combinações sempre caem a favor das outras pecinhas. Eles parecem ser lançados sem nenhuma pena ou mínima consideração por mim. Tem que ser isso! Existe algum tipo de força que permanece alterando a combinação dos meus dados a fim de quê eu permaneça atrás das peças as quais o jogo determinou que seriam minhas inimigas.

Mas será que elas realmente são? Quero dizer, às vezes as pecinhas estão tão preocupadas em seguir em frente que sequer olham para trás e vêem que eu continuo parada ali. Isso por um lado é bom, pois elas não percebem que continuo estagnada. Mas por outro significa que eu já não faço mais parte do seu caminho. Elas não precisam de mim para chegar até o fim. E eu continuo aqui, pensando no rumo que elas seguem, analisando seus progressos através das rodadas e comparando-os com o meu. Até que ponto isso vai contribuir para que o jogo vire e eu saia de cabeça erguida?

No meu jogo é assim: eu pergunto e eu mesma respondo.

Não vai contribuir.

É então que realizo a decisão que deveria ter tomado desde o início da partida: ignoro o desempenho das outras pecinhas. Empresto aos dados um pouquinho da força que esse novo rumo me trouxe e espero ansiosamente pela combinação que deles vai surgir. Aquilo que há algumas rodadas me parecia impossível, acontece: eu ando um número considerável de casas. Isso significa que já não estou mais estagnada. Acreditem ou não, mas eu segui em frente!

O fenômeno se repete por algumas rodadas e eu começo a vislumbrar a ambiciosa possibilidade de puxar a minha carta-bônus. O bolinho está ali, parado, esperando que eu ande o suficiente para me aproximar dele e conquistar a oportunidade de tirar uma cartinha dali. Os dados rolam, as combinações surgem e eu sigo caminhando. Eis que vou de encontro ao bolo que pode mudar o meu rumo no jogo.

Subitamente, me lembro: para onde foram as outras pecinhas?

Olho para frente, mas o tabuleiro parece ter ficado nublado. Não consigo enxergar nada que não seja o meu possível caminho, além do bolo de cartas-bônus. Penso em olhar para trás e ver se em algum momento do caminho eu ultrapassei as peças que tanto me incomodaram. Mas não o faço. Para quê?

Sinto uma força dentro de mim que faz com que eu me concentre apenas no meu desempenho e deixe para trás (ou para frente, onde quer que seja) as peças que o jogo determinou que seriam minhas adversárias. Talvez elas nem fossem de verdade. Quem sabe esse conflito tenha sido apenas produto da competição.

De qualquer maneira, volto a me concentrar no bolinho que reluz à minha frente. Os dados que uma vez conspiraram contra mim fizeram com que eu chegasse até ali. Eu nunca iria deixar passar essa oportunidade. Respiro fundo e puxo a carta que mais me parece ser a correta. E ela diz:

“Siga em frente”

Sério? Era esse o meu bônus? Esperando ler algo que mudasse o rumo do jogo, me levasse direto até a última casa do tabuleiro e concedesse o prêmio final, sou obrigada a encarar uma carta que me diz para continuar algo que já estava fazendo? Como devo encarar isso?

Olho para o bolo de cartas e penso ter feito a escolha errada. Entre tantas que tinham ali, eu poderia ter escolhido alguma que facilitasse o meu jogo, aumentasse meu desempenho, acelerasse o meu progresso... Eu vou lá e puxo justamente uma que não altera nada! Não atrapalha, nem ajuda, não faz nada!

Eis que os dados caem na minha frente e sua combinação já não me favorece tanto o quanto vinha fazendo nas rodadas anteriores. Malditos dados! Obedeçam à carta-bônus! Façam com que eu siga em frente!

Mas a culpa não é dos dados.

Muito menos da carta-bônus.

A culpa não é das outras peças.

É então que eu, pecinha, realizo: é em mim que está a força que deve fazer com que eu chegue ao final do jogo.

A carta-bônus dizia “siga em frente” porque eu fiz com que isso acontecesse. Qualquer outra carta que eu puxasse daquele bolo provavelmente diria a mesma coisa. Toda a minha força interior estava focada naquele objetivo, o que fez com que ele fosse gravado na carta que puxei. Na verdade, ela estava em branco. Todas estavam.

Aquele bolo era composto apenas por cartas. O bônus estava dentro de mim.

Tendo realizado isso, esperei por mais uma rodada. A combinação dos dados não me favoreceu tanto, mas foi suficiente para que eu avançasse duas casinhas. Duas casinhas, em um tabuleiro composto por milhares delas. O que no começo me causaria frustração trouxe a mim um sentimento positivo: novamente, eu segui em frente.

Percebi que, ao longo do jogo, eu teria essa oportunidade diversas vezes. Aquilo me encheu de alegria.

Não sei onde as outras pecinhas foram parar. Não consigo enxergar o fim do jogo, tampouco o caminho que ainda me resta até chegar lá. Mas eu continuo obedecendo à carta que puxei: sigo em frente.

Nunca mais vi outro bolo de carta-bônus.

Quem sabe ele tivesse saído de dentro de mim.