Rebeca,
Escolhi começar esta carta com uma breve explicação sobre ter escolhido seu nome como o vocativo por mim usado para iniciá-la, ao invés de "amiga", "Reb" ou similares. Hoje é o seu aniversário de 18 anos e você não faz ideia da maneira com que isso me toca. Como posso usar adjetivos ou apelidos para iniciar uma carta que estou escrevendo para uma menina que hoje, mais do que nunca, me prova que se tornou uma mulher?
Seu nome, Rebeca, como você já deve saber, significa "progenitora", mãe. Você deve pensar "lá vem ela me zuando", como nós fazemos de vez em quando, mas dessa vez eu falo sério. É só pensar, amiga: qual é a função de uma mãe? Entre tantas, a principal é dar a luz, já que sem essa nenhuma das outras seria possível. E quer uma pessoa que nos dê mais sua luz do que você? Não existe! Como uma estrelinha, lá do céu você ilumina o mundo e divide o seu brilho com todos que te cercam. Acredite, é assim.
Porém, como eu disse anteriormente, hoje é o seu aniversário de 18 anos. Desculpe, amiga, mas vou voltar a esse ponto a carta inteira, porque eu não me conformo de te ver crescer assim. Vamos começar agora com a parte nostálgica da carta, pelo que você já pôde perceber... Era uma vez uma menina gordinha que temia pelo seu primeiro dia de aula na escola nova. Ao abrir a porta da sala de aula para ela, a professora a apresenta aos novos coleguinhas de turma. Uma menininha magrela, de cabelos pretos, compridos e completamente bagunçados, sacode suas mãos em um tchau desengonçado e abre um sorriso que quase não cabia na sua face. Começava ali a história da nossa amizade que, quase 14 anos depois, permanece.
Não ouso usar adjetivos como "forte", "sólida" ou "intacta" após o "permanece" ali em cima, como você pode ver. E explico: Permanece, por si só, já é o que precisamos pra descrever o rumo da nossa amizade. Não importa o que vier após, amiga, seja bom ou ruim, a nossa amizade vai permanecer. Não precisamos de força, solidez ou de uma relação que seja inatingível, porque o significado que nós damos à palavra "amizade" já expressa todos esses valores por si só. Dizer que ela permanece incrível, especial ou intacta é ser redundante. Desnecessário.
Mas, minha amiga, hoje você faz 18 anos. Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar no contraste entre a Rebequinha que eu conheci anos atrás e a mulher que está agora lendo esta carta. Amiga, me promete uma coisa? Quando esse movimento todo passar e você estiver sozinha, procure um espelho e se olhe. Quando você o estiver fazendo, vá além: se enxergue. Perceba seus novos traços, feições, o tamanho do seu cabelo, a profundidade do seu olhar. Isso, reb, é, externamente, a mulher que você é hoje. Internamente não precisa... você sabe quem você é. O que acontece é que, diante de toda essa confusão que é a vida, a gente às vezes esquece. Mas não se preocupe, amiga, em meio à tantas coisas das quais podemos nos distanciar, você jamais vai se perder de si mesma. Acredite.
Agora vem a parte final dessa carta, aquela na qual eu faço os meus votos de feliz aniversário. Rebeca Cury, hoje você faz 18 anos! E, se a felicidade fosse sólida, eu seria capaz de sair por aí catando cada pedacinho dela, onde quer que eles estivessem, para entregá-los a você. Mas não dá, amiga. Isso significa que a gente nunca vai ser plenamente feliz se esperarmos ser plenamente felizes. Deu pra entender?
A vida é tão inconstante que deve ser como uma caixa de sorteio, onde, a cada sacudida, os papeizinhos nos quais estão escritos 'alegria' e 'amor' se misturam com outros como 'dor', 'lágrimas' e 'saudade'. E quando a gente mete a mão ali dentro e puxa, pode sair qualquer um, entre positivos e negativos. Mas, cada vez que um papelzinho que julgamos ser ruim é tirado, a chance de um bom sair aumenta. Isso significa que adversidades fazem parte da vida e é essencial que saibamos lidar com elas, para que depois possamos meter a mão naquele saco e sortear algo que nos satisfaça.
E eu juro, amiga, que nunca vi ninguém que saiba lidar melhor com as adversidades da vida do que você. Esse é um dos tantos motivos que fazem com que eu a admire muito mais do que qualquer um possa imaginar. E é com essa força de muralha que você vai seguir a sua vida, lutando pelos seus objetivos e cultivando todos os sonhos que passarem pela sua cabecinha. Tenho certeza, Reb, que você vai conseguir. Você nasceu pra conquistar. E vai. Eu acredito em você. Basta você acreditar também.
Enfim, minha amiga, você faz 18 anos hoje. E, neste dia, eu desejo que você siga em frente. Essa carta é pra você guardar com carinho, para que, daqui a 12 anos, quando você estiver fazendo 30, a gente sente em um barzinho e a leia juntas, para dar risadas gostosas e lembrar-nos do passado. Mas só para lembrar, nunca para sentir saudade, porque o passado deve servir apenas como uma boa memória, assim como o futuro é feito para as expectativas. A vida é feita do presente, penso eu. O presente é para viver. E a gente vai viver o nosso juntas! Promete?
Eu te amo.
Com carinho,
Roberta.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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Detalhe
ResponderExcluirNo tempo que me resta
Há um continente
E uma porta aberta.
bjs