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quarta-feira, 7 de abril de 2010

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"Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba não"

Em meio a maré de tranquilidade que vivo, as palavras parecem apostar corrida comigo: ou eu as registro no exato momento em que vêm à tona, ou elas fogem imediatamente. Porém, de alguma forma, sinto que esse pique-pega acabará me ensinando mais do que posso imaginar.

Tudo que vive aqui dentro é tão complexo que, de vez em quando, fica difícil botar pra fora. Quando o faço, a velocidade com a qual a bomba explode é tão grande que nem eu consigo juntar os cacos, a fim de formar qualquer coisa que faça sentido. Os movimentos cotidianos de meu corpo, como o piscar de olhos, o esvoaçar de cabelos e o pisar de meus pés,são mais inteiros e completos do que qualquer som que minha voz possa emitir...

Palavras, palavras, palavras.
Promessas, promessas, promessas.
Futuro, futuro, futuro.

Isso não é suficiente.
Nenhum tipo de manifestação é capaz de alcançar a dimensão do sentimento que, em vão, tento registrar. Por quê insistir?

Para quê insistir?

Então... eu sinto
Sinto e brinco
E brinco, e vivo
E vivo viva. Eu vivo.
Viva!

Pensei em cessar os registros, mas sei que não serei capaz. Sou do tipo que gosta de cultivar memórias e eternizar qualquer coisa que julgar necessária, então não resistirei à minha próxima inspiração. Por isso, escrevo um lembrete para minha consciência (que se faz tão presente na hora da cobrança): não é necessário registrar a palavra para garantir o sentimento.

Eu senti
Senti e sofri
E sofri, e vivi
E vivi viva. Eu vivi.
Viva!

Tendo ou não registrado.
Tendo ou não me recordado.
O amor em mim ficou guardado.
E o coração baterá sempre acelerado.

Sempre.

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